Campanha pelo #DesfraldeConsciente ganha as redes sociais
Um dos momentos pelos quais os pais de crianças pequenas mais anseiam é a hora de se livrar das fraldas. Geralmente, isso acontece só após os 2 anos de idade (alguns médicos defendem até que só depois dos três), quando a criança adquire o controle dos esfíncteres, ou seja, é capaz de segurar urina e fezes, e já sabe comunicar bem suas necessidades fisiológicas. Mas, assim como se dão as demais etapas do desenvolvimento, cada criança tem o seu tempo. E isso deve ser respeitado.
Por esse motivo, o blog PsiMama lançou a campanha #DesfraldeConsciente. A ideia é mostrar quem nem todas as crianças ficam prontas para abandonar as fraldas ao mesmo tempo e que forçá-las a isso pode, sim, ser muito prejudicial. “Nossa sugestão é levar (o desfralde) da forma mais natural possível”, escreve Nanda Perim, a psicóloga por trás do Psi Mama, que é mãe de Théo, 2, e Gael, 7 meses. Ela conta que a ideia da campanha surgiu quando ela foi procurada por uma amiga, que estava inconformada com o desfralde promovido pela escola. “Ela me disse que o filho estava passando pela semana de desfralde na creche e que as professoras simplesmente falaram para os pais arrancarem as fraldas e mandarem as crianças de calcinha ou cueca. Ela contou que o filho acordava chorando à noite e que as crianças, sem fralda, passavam vergonha por fazer xixi na frente de outras pessoas”, conta.
Nanda, que se apoia nas obras da psicopedagoga Laura Gutman, defende que, durante o desfralde, cabe aos pais apenas observar os sinais que a própria criança dá, sem interferir ou forçar. E que essa é, sem dúvida, a parte mais complicada do processo. “A maior dificuldade dos pais é perceber que eles não têm um controle sobre isso, que devem ser apenas observadores”, conta. Nanda se baseia também nas publicações do urologista pediátrico Steve Hodges, que é referência no assunto, e também da educadora Maria Montessori para promover um desfralde mais consciente.
Como psicóloga, ela relata que um processo forçado pode trazer sérias consequências em longo prazo. “Principalmente nos casos mais extremos, quando a criança apanha por fazer xixi errado, ela aprende a segurar demais e passar a ter dificuldade de soltar”, explica. Isso pode gerar adolescentes e adultos com prisão de ventre, falta de controle miccional e infecções urinárias recorrentes, sem falar no trauma e na insegurança. Não são raros, segundo ela, os casos de crianças e até de adultos, que precisam voltar às fraldas por um tempo, até recuperarem o controle e a confiança. Para Nanda, não há receita mágica: “A criança só vai aprender a respeitar o próprio tempo quando os pais respeitarem o tempo dela”, resume.(revista crescer)