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Conmebol muda Libertadores e joga bola para CBF: é hora de mexer no calendário brasileiro

Campeonato Brasileiro (Foto: Getty Images)
A Conmebol, confederação que rege o futebol na América do Sul, alterou a Copa Libertadores. A partir de 2017 a competição será disputada de fevereiro a novembro, não mais apenas até junho. A Copa Sul-Americana passa a valer entre junho e dezembro. E os clubes que forem eliminados na fase de grupos da Libertadores poderão entrar no meio da Sul-Americana. E o Brasil com isso? Na prática, a entidade continental joga a bola para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a força a repensar seu calendário.
Do ponto de vista da Conmebol, está tudo certo. Uma Libertadores com maior duração tende a atrair mais público aos estádios e à televisão – o excesso de partidas é um grande problema no equilíbrio entre oferta e demanda. A Sul-Americana, ao receber os eliminados na primeira fase da Libertadores, ganha em competitividade, logo em atratividade. As ideias não saíram das mentes dos cartolas sul-americanos. É assim que funciona na Europa com a Liga dos Campeões e a Liga Europa. A Conmebol importou o modelo europeu.
Para a CBF é que o jogo muda de figura. Tome o calendário de 2016 como base. Nos meses de outubro, novembro e dezembro há 19 datas disponíveis para as fases finais do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil – considere como “data” ou quarta e quinta-feira, ou sábado e domingo, ou seja, uma para cada rodada. Hoje, as duas competições nacionais ocupam 16 datas. Só três ficam livres.
Esse já é um dos principais problemas do futebol brasileiro. Quando um time tem de jogar duas vezes por semana, tem menos tempo para a recuperação física dos jogadores. Se os jogadores estão cansados, desempenham abaixo do que podem em campo. Se vão mal, pioram a qualidade do produto, seja a Copa do Brasil, seja o Brasileiro. Sem contar que a sobrecarga eleva o risco de lesões.
A Libertadores e a Sul-Americana estendidas até novembro e dezembro detonam a atual estrutura do calendário. Se, digamos, forem disputadas as semifinais e as finais de ambas as competições continentais no período de outubro a dezembro, são mais quatro datas. A Conmebol tornou impossível que um clube dispute até o fim o Brasileiro, a Copa do Brasil e a Libertadores, mesmo que a decisão de haver duas partidas por semana seja mantida. Não dá mais.
Uma saída para a CBF é punir um clube que dispute a Libertadores ou a Sul-Americana ao impedi-lo de jogar a Copa do Brasil. Mas é disso que se trata, uma punição. Alejandre Domínguez, presidente da Conmebol, escreveu no Twitter que “clubes não deveriam ter de escolher entre competir ou no torneio nacional, ou no continental”. “Harmonizar calendários fomenta a qualidade de ambos”, disse o cartola. Com razão. Além disso, se a CBF tolher da Copa do Brasil os clubes brasileiros que estiverem em continentais, vai desqualificar a própria Copa do Brasil ao tirar dela os melhores times.
O problema para a elite do futebol brasileiro, a que disputa a primeira divisão e tem chances de chegar até as últimas fases da Copa do Brasil, continua a ser o mesmo: as 17 datas destinadas aos Estaduais no início da temporada espremem as principais competições no fim dela. Isso já tirava a qualidade dos torneios nacionais, os mais importantes e rentáveis para confederação e clubes. Agora, com a jogada da Conmebol, torna o cenário insustentável. Eis uma boa oportunidade para que a CBF faça uma reforma de ponta a ponta no calendário do futebol brasileiro.(época)

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