Médico do HOB alerta para alergia ocular
Desconforto nos olhos, vermelhidão, coceira, irritação, lacrimejamento, inchaço e sensibilidade à luz. Parecem sinais de conjuntivite infecciosa, mas são sintomas de alergia ocular. A patologia atinge 15% a 20% da população mundial e o porcentual aumenta nesta época do ano, quando a redução da umidade do ar e o clima seco diminuem a lubrificação dos olhos e favorecem o acúmulo de poeira e concentração de poluentes no ar. “As alergias oculares mais freqüentes são as conjuntivites alérgicas, onde a principal diferença com a conjuntivite infecciosa são as causas. Enquanto a infecciosa é contagiosa e causada por vírus ou bactéria, a conjuntivite alérgica não é transmitida de pessoa para pessoa e é causada por substâncias denominadas alérgenos, como ácaros, poeiras, pólen, mofo, produtos químicos, produtos de beleza, cremes, entre outras substâncias”, afirma dr. Canrobert Oliveira, chefe do departamento de refrativa e presidente do conselho do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).
De acordo com o médico, há quatro formas de conjuntivite alérgica. A mais rara é a Ceratoconjuntivite Atópica. Associada à dermatite atópica, ela pode acarretar severos danos oculares aos pacientes e riscos de desenvolvimento de catarata e ceratocone. Já a Conjuntivite Primaveril ou Vernal é crônica. Encontrada principalmente no sexo masculino, tem início na infância, entre cinco e 15 anos, e está associada a outras alergias. Ainda há a Conjuntivite Papilar Gigante, associada ao uso de lentes de contato; e a Sazonal, que é a mais freqüente. “Esta última é a mais comum no Distrito Federal, principalmente no período da seca. Causada por fatores externos, se caracteriza por sintomas de intensidade leve, incluindo prurido, ardência, fotofobia e lacrimejamento”, explica dr. Canrobert.
Em todos os casos, o oftalmologista alerta que o diagnóstico preciso é fundamental para o tratamento correto. “Como normalmente o paciente alérgico já tem algum tipo de quadro alérgico na família, é muito importante conversar com ele para descobrir sua história clínica. Além disso, testes cutâneos com antígenos inalantes feitos no braço do paciente são muito úteis para confirmar a alergia”, afirma dr. Canrobert.
Entre os tratamentos, o médico ressalta sobre a importância de não usar colírios por conta própria e da necessidade de retirar todos os fatores que estão provocando a alergia, como ácaros, poeira, entre outros. Além disso, a limpeza da casa diariamente é fundamental, principalmente o quarto e a cama, sendo recomendado o uso de travesseiros de espuma inteiriça, evitando os de plumas, penas ou flocos de espuma. “O uso de remédios é indicado nas crises para aliviar sintomas e depois de forma preventiva para impedir que apareçam novos casos. Antialérgicos, com supervisão de um oftalmologista, podem ser aplicados por via oral ou sob forma de colírios, sendo úteis para controlar a coceira nas crises. Estabilizadores de membrana, anti-inflamatórios e corticoides também podem ser utilizados, dependendo da análise do indivíduo”, conclui o dr. Canrobert.
Paulo Almeida