Prefeitos propõem multa para quem facilitar focos do Aedes aegypti
Depois de apresentar as ações do governo para o combate ao Aedes aegypti, governo e prefeituras municipais baianas passaram a bola: quem precisa cuidar mesmo de suas casas é a população. Esse foi o tom dos pronunciamentos dos prefeitos que participaram da reunião entre a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), o governador Rui Costa(PT) e representantes de 125 cidades com altas taxas de infestação pelo mosquito, na manhã desta quinta-feira (17), em Salvador.
O primeiro a se pronunciar dessa forma foi o prefeito de Feira de Santana, Zé Ronaldo (DEM), que administra a cidade que ficou conhecida mais recentemente pela epidemia de Chikungunya. “As pessoas apontam o poder público como se a culpa fosse da gente. Os governos são cobrados muito mais das coisas do mal do que do bem”, afirmou o prefeito que afirmou que mais de 90% dos focos do mosquito são localizados nos perímetros das residências e que mesmo os demais 10% dos logradouros públicos contaminados estão relacionados com a falta de educação das pessoas que jogam lixo em locais indevidos.
Maria Quitéria(PSB), prefeita de Cardeal da Silva e presidente da União dos Prefeitos da Bahia (UPB), sugeriu que o governo do estado crie uma lei específica que multe quem colabora para a infestação do Aedes. “Precisamos que o estado assuma isso, como já faz Sergipe. A gente sabe que em Camaçari, por exemplo, já tem uma lei que se o cidadão jogar lixo na rua pode ser responsabilizado por isso, mas o estado precisa transformar isso em algo para toda a Bahia, para ajudar os municípios menores”, afirmou Quitéria.
“Não temos mais dinheiro para resolver esse problema e precisamos parar o cidadão que está infringindo as regras. Só há mosquito por estarmos desrespeitando a natureza”, Completou a prefeita, antes de ser aplaudida pela plateia de lideranças na área de saúde e representantes do poder executivo dos municípios. O prefeito Guilherme Menezes (PT), de Vitória da Conquista, também endossou o coro. “Temos que compartilhar com a comunidade a responsabilidade”, afirmou.
Secretário de Saúde de Salvador, José Antônio Rodrigues também afirma que a visão da prefeitura é de que por mais que haja visitas residências e mutirões cada cidadão precisa assumir sua responsabilidade. “Interessante que maior parte das pessoas que liga para o Disque Dengue para pedir visita não para o seu logradouro, mas é para pedir visita a casa do vizinho. Esse ano nós já retiramos 650 toneladas de lixo de residências (em Salvador), não é da rua. A gente não pode encarar isso de uma forma natural”, afirmou.
O governador comentou que não adianta ações do Exército se cada cidadão não faz sua parte. “O mosquito só circula 200 metros, então as pessoas precisam cuidar do que está por perto da casa dela. O arrastão do exército é importante, o agente de endemia é importante, mas em cinco dias o mosquito volta a se reproduzir e não tem como ter visita de cinco em cinco dias em todas as residências”, afirmou o petista.
Campanhas publicitárias convidam população ao combateA campanha publicitária do governo tem como lema “Se o mosquito da dengue pode matar, ele não pode nascer”. O prefeito de Feira de Santana pediu que o material de governo do estado tenha autorização para que as prefeituras repliquem utilizando suas marcas, o que recebeu uma sinalização positiva do governador.
Rui pediu que prefeitos e secretários utilizem suas redes sociais e a divulgação de campanhas por aplicativos de trocas de mensagens para ampliar a sensibilização da comunidade contra o Aedes. As ações de comunicação incluem jingle para carros de som e vídeos que podem ser distribuídos em redes sociais que estão disponíveis no site da Sesab para download.
A campanha do governo federal também propõe que o cidadão tire 10 minutos do sábado para cuidar do entorno de onde mora. O prefeito Vane do Renascer, de Itabuna, também defende a realização de faxinas e da participação das pessoas.
(Correio)