Por que o governo costuma perder no Congresso
Ministros de Dilma batem cabeça atrás de respostas à pergunta: “Por que a vida do governo vira um inferno quando há projetos do seu interesse em votação no Congresso?” Dito de outra maneira: “O que falta para que ele consiga maiorias confortáveis nas votações no Congresso?”
Há que se admitir que ele esteja se esforçando para agradar aos partidos que o apoiam. Aloisio Mercadante, chefe da Casa Civil e queridinho de Dilma, contribuía para o mau relacionamento do governo com deputados e senadores? Dilma transferiu Mercadante para o Ministério da Educação.
Na Casa Civil pôs o jeitoso Jaques Wagner, que estava no Ministério da Defesa e, antes disso, no governo da Bahia há dois mandatos. O PMDB quis mais ministérios e ministérios mais importantes e ricos do que os que controlava? Satisfaça-se o PMDB. E o PMDB foi satisfeito.
Não de todo, por suposto. O PMDB e outros partidos começaram a cobrar ministérios com “porteira fechada”. Quer dizer: com o direito de nomearem todos os ocupantes de cargos relevantes nos ministérios. E assim se fez, embora a tarefa ainda não tenha terminado.
Quem quer nomear afilhados em seus Estados? Quem quer um dinheirinho para a construção de pequenas obras em seus redutos eleitorais? Façam fila para serem atendidos! Tem ministro telefonando para parlamentar e oferecendo até o que não foi pedido.
Outro dia, um senador que aniversariava foi avisado por um assessor que Dilma estava ao telefone. “A presidente? É trote”, respondeu o senador. Diante da insistência do assessor, atender a ligação. Era Dilma, que queria parabeniza-lo. Alguns dos seus colegas acham que ele inventou a história.
Do começo: “O que falta para que o governo consiga maiorias confortáveis nas votações no Congresso?” Que ele recupere parte da confiança perdida, talvez. Político não gosta que o apontem como alguém ligado a um governante impopular, a um governo mal avaliado. É o caso de Dilma e do seu governo.
Talvez não baste que o governo diminua sua taxa de rejeição. Ele tem que despertar esperança. Do contrário acabará abandonado. Para despertar esperança, tem que explicar onde e por que errou. E para aonde pretende ir. O governo não sabe direito para aonde irá. E Não se desculpa pelos erros.
Não será, portanto, na base do toma lá dá cá que conseguirá manter-se. Se o processo de impeachment de Dilma for aberto, ela correrá, sim, o risco de não terminar seu mandato. Ministros que a servem de perto admitem que o governo não tem 200 votos seguros na Câmara para barrar o impeachment.
São necessários 171 num total de 513. Quem não tem sequer 200 não tem nada. Porque é aberta a votação para cassar um presidente. Se um deputado sente que a cassação será possível, ele naturalmente passa a engrossar a bancada dos caçadores. Não há votação apertada nesses casos.
A Câmara abre o processo do impeachment. Mas quem condena ou absolve o presidente é o Senado. Ocorre que a abertura do processo implica no afastamento imediato do presidente do cargo. Uma vez que isso se dê, a sorte dele está selada.(Blog do Noblat)