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Dilma erra no diagnóstico


Na economia, como na medicina, se o diagnóstico é errado, o tratamento também será. A presidente Dilma disse em Bruxelas que a inflação alta é consequência da seca e do cenário internacional; o problema não é estrutural, ela acredita. Está cometendo erro parecido com o do ex-presidente Lula, que definiu a crise financeira internacional como “marola”.
Em 2008, Lula interpretou o problema como algo menor, que não nos afetaria. Deixou de tomar as providências necessárias para fortalecer o país e evitar os efeitos secundários. Tudo o que veio depois negou o diagnóstico do ex-presidente. A crise aumentou e atingiu o Brasil de maneira forte.
A partir daí, todos os erros cometidos na condução da economia passaram a ser culpa da crise internacional. Para conseguir eleger sua sucessora, Lula forçou uma bolha de crescimento em 2010, que criou uma pressão inflacionária. Dilma, ao invés de resolver o problema, pedalou, jogou para frente. O que estava errado, continuou sem solução.
A inflação nos níveis que vemos hoje não é culpa da seca. Épocas com falta ou excesso de chuvas sempre podem acontecer. O mesmo vale para outros eventos atípicos, como a alta do dólar ou do barril do petróleo. Esses choques não levariam o IPCA tão acima do teto da meta se a inflação estivesse baixa. O regime de metas tem o espaço de flutuação exatamente para abrigar esses impactos dos fatos inesperados.
O primeiro governo Dilma não fez esforços para manter a inflação na meta de 4,5%. Havia comemoração quando o IPCA terminava o ano pouco abaixo do teto de 6,5%, como se tivesse cumprido a meta. Tão próximo do limite, a inflação romperá o teto sempre que houver algum choque, e ele virá. Isso acontece com regularidade.
Não é por acaso, ou por causa da seca, que a inflação está bem acima da meta. O governo Dilma errou em vários aspectos, principalmente em relação à energia, cujo preço hoje é o que mais pressiona a inflação. Tentou baixar a tarifa de maneira voluntarista, desequilibrou as empresas do setor, que tomaram empréstimos que começaram a ser pagos pelos consumidores agora, depois das eleições. O maior tarifaço da história do Brasil é resultado dos erros na política energética. (Blog da Miriam Leitão)

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