Com problemas no sistema do Fies, faculdades criam alternativas para atender alunos
Depois que estudantes enfrentaram problemas com as novas regras do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), instituições privadas investem agora em alternativas para atender os alunos. Em Salvador, o Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) e a Estácio adotaram programas próprios de financiamento. Outras cinco universidades da capital já analisam formas alternativas de financiamento.
Segundo a diretora comercial da Unijorge, Ayla Noya, com mudanças no Fies, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) estima que pode haver uma redução de até 20% no número de jovens beneficiados com as políticas educacionais no setor privado. “As novas regras do Fies 2015 acabam restringindo o acesso de alunos ao ensino superior. Nós sempre procuramos facilitar o aluno que queira estudar e tenha dificuldade de pagar. Por isso desenvolvemos uma parceria em que o estudante pode pagar 50% da mensalidade em até o dobro do tempo do curso”.
O programa de crédito universitário adotado pela Unijorge, o Pravaler, foi a salvação da estudante de Engenharia Civil Deise Natali Fonseca dos Santos, de 24 anos, que teve problemas com a inscrição do Fies. “Me casei em 2013, mudei de nome e alguns documentos ainda eram antigos, o que dificultou minha aprovação. Meu esposo trabalha, mas não tenho condição alguma de pagar a faculdade integralmente, que custa mais de R$ 1 mil”, garante a estudante.
Pravaler
Entre os programas que mais se aproximam do Fies, o Pravaler também foi adotado pela Estácio como uma opção para alunos novos e veteranos. Segundo o diretor comercial da instituição, George Neiva, as mudanças do financiamento estudantil estatal pelo Ministério da Educação (MEC) foram uma surpresa. “A partir do momento que tivemos contato com essas mudanças, fomos buscar uma solução no mercado”, diz.
“A principal vantagem do Pravaler é que a universidade subsidia os juros, de modo que o aluno paga metade do valor do curso pelo dobro de tempo, corrigido apenas pela inflação do período”, acrescenta. Segundo ele, cerca de 30% dos alunos da Estácio financiam a graduação pelo Fies.
No programa de crédito universitário, cada mensalidade é dividida em duas parcelas iguais e o aluno paga metade da mensalidade por mês. Em um curso de Administração presencial de quatro anos de duração e mensalidade de R$ 750, por exemplo, o aluno paga R$ 375, ao longo do curso e o restante depois de formado, por mais quatro anos.
Privado
Entre os bancos, o Itaú oferece crédito para alunos de universidades associadas e financia as 12 mensalidades do ano em até 24 meses. “Como, porém, se incluem juros e outras taxas, é preciso ver se vale a pena”, esclarece a advogada e coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci.
O Banco Santander, por exemplo, financia a compra de material escolar, crédito que pode ser utilizado por alunos e professores. “O estudante deve ver que linha será aplicada para seu perfil e necessidade. Precisa também avaliar as condições do crédito e compará-las, pois não são todas iguais”, diz Maria Inês.
As universidades Unifacs, Faculdade Dom Pedro II, Área 1, Faculdade Adventista da Bahia, União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime), Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e a Faculdade Social da Bahia (Fsba) informaram, através de suas assessorias, que estão analisando e estruturando novas opções de parcelamento de longo prazo, complementares ao Fies.
Os financiamentos privados são alternativa ao Fies, segundo a vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes. “Diante deste cenário, os financiamentos privados, através de parcerias com instituições financeiras, são opção para as universidades”, complementa ela, que também é diretora da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior.
Instituição de ensino não pode se tornar banco, alerta Abames
O presidente da Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior (Abames), Carlos Joel Pereira, não acredita que os financiamentos privados são solução para os problemas enfrentados com as políticas estatais. “As medidas que o governo tomou são equivocadas. É um buraco que fazem na educação por conta de despesas com financiamentos priorizados em outras áreas”, opina. “Há um discurso de que com o Fies existem despesas com estudante, como se o estado estivesse bancando o aluno, sendo que não é isso. Financiamento é um empréstimo”, complementa.
Segundo a diretora comercial da Unijorge, Ayla Noya, com mudanças no Fies, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) estima que pode haver uma redução de até 20% no número de jovens beneficiados com as políticas educacionais no setor privado. “As novas regras do Fies 2015 acabam restringindo o acesso de alunos ao ensino superior. Nós sempre procuramos facilitar o aluno que queira estudar e tenha dificuldade de pagar. Por isso desenvolvemos uma parceria em que o estudante pode pagar 50% da mensalidade em até o dobro do tempo do curso”.
O programa de crédito universitário adotado pela Unijorge, o Pravaler, foi a salvação da estudante de Engenharia Civil Deise Natali Fonseca dos Santos, de 24 anos, que teve problemas com a inscrição do Fies. “Me casei em 2013, mudei de nome e alguns documentos ainda eram antigos, o que dificultou minha aprovação. Meu esposo trabalha, mas não tenho condição alguma de pagar a faculdade integralmente, que custa mais de R$ 1 mil”, garante a estudante.
Pravaler
Entre os programas que mais se aproximam do Fies, o Pravaler também foi adotado pela Estácio como uma opção para alunos novos e veteranos. Segundo o diretor comercial da instituição, George Neiva, as mudanças do financiamento estudantil estatal pelo Ministério da Educação (MEC) foram uma surpresa. “A partir do momento que tivemos contato com essas mudanças, fomos buscar uma solução no mercado”, diz.
“A principal vantagem do Pravaler é que a universidade subsidia os juros, de modo que o aluno paga metade do valor do curso pelo dobro de tempo, corrigido apenas pela inflação do período”, acrescenta. Segundo ele, cerca de 30% dos alunos da Estácio financiam a graduação pelo Fies.
No programa de crédito universitário, cada mensalidade é dividida em duas parcelas iguais e o aluno paga metade da mensalidade por mês. Em um curso de Administração presencial de quatro anos de duração e mensalidade de R$ 750, por exemplo, o aluno paga R$ 375, ao longo do curso e o restante depois de formado, por mais quatro anos.
Privado
Entre os bancos, o Itaú oferece crédito para alunos de universidades associadas e financia as 12 mensalidades do ano em até 24 meses. “Como, porém, se incluem juros e outras taxas, é preciso ver se vale a pena”, esclarece a advogada e coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci.
O Banco Santander, por exemplo, financia a compra de material escolar, crédito que pode ser utilizado por alunos e professores. “O estudante deve ver que linha será aplicada para seu perfil e necessidade. Precisa também avaliar as condições do crédito e compará-las, pois não são todas iguais”, diz Maria Inês.
As universidades Unifacs, Faculdade Dom Pedro II, Área 1, Faculdade Adventista da Bahia, União Metropolitana de Educação e Cultura (Unime), Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC) e a Faculdade Social da Bahia (Fsba) informaram, através de suas assessorias, que estão analisando e estruturando novas opções de parcelamento de longo prazo, complementares ao Fies.
Os financiamentos privados são alternativa ao Fies, segundo a vice-presidente da Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Elizabeth Guedes. “Diante deste cenário, os financiamentos privados, através de parcerias com instituições financeiras, são opção para as universidades”, complementa ela, que também é diretora da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior.
Instituição de ensino não pode se tornar banco, alerta Abames
O presidente da Associação Baiana de Mantenedoras do Ensino Superior (Abames), Carlos Joel Pereira, não acredita que os financiamentos privados são solução para os problemas enfrentados com as políticas estatais. “As medidas que o governo tomou são equivocadas. É um buraco que fazem na educação por conta de despesas com financiamentos priorizados em outras áreas”, opina. “Há um discurso de que com o Fies existem despesas com estudante, como se o estado estivesse bancando o aluno, sendo que não é isso. Financiamento é um empréstimo”, complementa.
Sobre as novas formas de financiamento adotadas pelas instituições privadas o MEC ressaltou, em nota, que “o objetivo do Fies é fazer a inclusão dos estudantes do ensino superior e não garantir a sustentabilidade financeira das instituições. A decisão [de mudanças] é parte dos aprimoramentos que ocorrem no Fies desde a sua implementação e tem por objetivo deixar claro para os estudantes os procedimentos e critérios para a obtenção do financiamento.
O seu objetivo é beneficiar, dentro de critérios bem definidos, um maior número de estudantes que desejam utilizar o mesmo”. Ainda de acordo com o MEC, o prazo para renovação de contratos programado para terminar no dia 30 de abril poderá ser prorrogado, a depender do sistema.
Faculdades podem ser multadas por reajuste
Os ministérios da Educação e da Justiça lançaram, na semana passada, um grupo de trabalho para analisar os reajustes de mensalidades de instituições que fazem parte do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Segundo o ministro interino da Educação, Luiz Cláudio Costa, uma portaria foi assinada, no último dia 20, criando o grupo, que terá sete membros de secretarias e autarquias dos dois ministérios. Uma das principais mudanças do Fies neste ano foi a imposição do limite de 6,4% no reajuste da mensalidade. Algumas instituições e associações chegaram a entrar na Justiça para contestar esse valor.
O MEC afirma que negocia os reajustes acima deste limite caso a caso. De acordo com Juliana Pereira, secretária Nacional do Consumidor (Senacon), um mapeamento feito com a base de dados dos Procons de todos os estados brasileiros e do site consumidor.gov.br mostrou algumas denúncias feitas por estudantes contra instituições, por aumento considerado abusivo da mensalidade.
Houve também denúncias contra as novas regras do Fies. Nesse caso, porém, Juliana explica que o Fies não configura relação de consumo, já que se trata de uma política pública. “Embora educação não seja um bem de consumo, a prestação de serviço da universidade privada junto ao aluno é uma relação de consumo”, argumenta Juliana.(Correio)
O seu objetivo é beneficiar, dentro de critérios bem definidos, um maior número de estudantes que desejam utilizar o mesmo”. Ainda de acordo com o MEC, o prazo para renovação de contratos programado para terminar no dia 30 de abril poderá ser prorrogado, a depender do sistema.
Faculdades podem ser multadas por reajuste
Os ministérios da Educação e da Justiça lançaram, na semana passada, um grupo de trabalho para analisar os reajustes de mensalidades de instituições que fazem parte do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Segundo o ministro interino da Educação, Luiz Cláudio Costa, uma portaria foi assinada, no último dia 20, criando o grupo, que terá sete membros de secretarias e autarquias dos dois ministérios. Uma das principais mudanças do Fies neste ano foi a imposição do limite de 6,4% no reajuste da mensalidade. Algumas instituições e associações chegaram a entrar na Justiça para contestar esse valor.
O MEC afirma que negocia os reajustes acima deste limite caso a caso. De acordo com Juliana Pereira, secretária Nacional do Consumidor (Senacon), um mapeamento feito com a base de dados dos Procons de todos os estados brasileiros e do site consumidor.gov.br mostrou algumas denúncias feitas por estudantes contra instituições, por aumento considerado abusivo da mensalidade.
Houve também denúncias contra as novas regras do Fies. Nesse caso, porém, Juliana explica que o Fies não configura relação de consumo, já que se trata de uma política pública. “Embora educação não seja um bem de consumo, a prestação de serviço da universidade privada junto ao aluno é uma relação de consumo”, argumenta Juliana.(Correio)
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