PT entra com ações contra Barusco e pede sindicâncias na Polícia Federal e MPF
A direção nacional do PT protocolou hoje (23), no Rio de Janeiro, duas interpelações (uma criminal e outra civil) contra o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, conforme anunciado pelo presidente nacional da legenda, Rui Falcão, no último dia 11, em entrevista coletiva. Além dessas ações, o partido entrou com pedidos de sindicância na Corregedoria-Geral da Polícia Federal (PF ) e na Corregedoria-Geral do Ministério Público Federal (MPF), ambas em Brasília.
Os processos na Justiça são uma reação às acusações de Barusco contra o secretário de Finanças do PT, João Vaccari Neto, de ter participado de arrecadações ilegais de recursos para o partido. Os pedidos de sindicância à PF e ao MPF objetivam obter esclarecimentos sobre “vazamentos seletivos e direcionados contra o PT” e linha de atuação dos órgãos, que parecem focar apenas o partido e o período de seu governo.
Amanhã (24), o PT vai protocolar uma representação no Ministério da Justiça, para “dar ciência” às interpelações apresentadas às corregedorias da PF, sua subordinada, e ao MPF.
“Não podemos admitir que, em nome do combate à corrupção, se viole o Estado democrático de direito e se condicione uma investigação para cima de um partido”, disse Rui Falcão no dia 11.
Na ocasião, o petista afirmou também que existem interesses de enfraquecer a Petrobras e “outros objetivos”, com o pretexto de combate à corrupção. Ele citou declarações e insinuações do ex-ministro da Fazenda (1995-2002) Pedro Malan, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de colunistas na imprensa e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. “Querem voltar o regime de concessão, e em última instância lá na frente privatizar a empresa.”
Vazamentos seletivos
Na interpelação criminal contra Barusco, o PT diz que a “colaboração” do ex-gerente na Operação Lava Jato foi “divulgada seletivamente à imprensa” em 5 de fevereiro de 2015 com diversas “ilações” contra Vaccari. Além de “macular a imagem” do tesoureiro do partido, diz a inicial, a acusação está “à mercê de interesses escusos” e ameaça o regime, na medida em que, sem apresentar provas, atribui prática criminosa ao partido político, “fundamental no exercício da democracia”.
Ao anunciar a ação, dia 11, Falcão demonstrou indignação contra “esse bandido chamado Pedro José Barusco Filho, que acusa o PT, sem provas”.
No pedido de sindicância à Corregedoria da Polícia Federal, o PT cita a condução coercitiva de Vaccari à PF no dia 5 deste mês como “absolutamente desnecessária”. A ação “demonstra a tentativa de criminalizar o Partido dos Trabalhadores e os dirigentes da legenda”.
Os advogados do PT chamam a atenção para a “evidente” violação de sigilo, que deveria proteger a todos os supostamente envolvidos e a “opção de natureza claramente política”. “A situação agrava-se, pois aparentemente os vazamentos são seletivos, ocasionando enormes prejuízos para a imagem do Partido dos Trabalhadores, pois a ampla divulgação de informações sigilosas na mídia fora do seu contexto inviabiliza o exercício da ampla defesa e fere a presunção de inocência”, argumenta.
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