Tentativa de maquiar o déficit é pior do que assumi-lo
A proposta feita por Dilma de rever o cálculo do superávit primário quebra a regra brasileira da responsabilidade fiscal. O TCU fala em improvisação e até partidos da base estão reclamando. Esse procedimento poderia ter sido feito dentro da regra, com o país assumindo que não conseguirá cumprir a meta de economizar 1,9% do PIB para pagar juros. A tentativa de maquiar o resultado é pior do que assumir o déficit.
A presidente justificou o descontrole dando o exemplo de outros países. Mas o que está havendo no mundo é o movimento de queda no déficit. Os EUA, para ficar em um exemplo, estão tendo reversão no déficit, que foi muito alto na crise, enquanto a economia cresce e o desemprego cai.
Outro ponto que vale analisar é o quanto gasta de juros o Brasil. O país paga 11,25% e os EUA, 0,25%. Não adianta, portanto, dizer simplesmente que em outros países do G20 também há déficit.
Temos que olhar a nossa situação, um país com uma história longa de hiperinflação, está com inflação em 6,5% sem crescer no ano e desrespeitando a regra fiscal. Era preferível dizer que está tendo déficit primário esse ano excepcionalmente porque o país não cresceu do que dar desconto em cima do desconto para tentar dizer que cumprirá uma meta que, de fato, não será cumprida. Todos sabem que o país terá déficit fiscal no ano.
Por Míriam Leitão