SalvadorSem categoria

Salvador terá coleta seletiva de lixo a partir de outubro

A coleta seletiva será implantada em outubro em Salvador, a partir de projeto desenvolvido entre a prefeitura e o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), orçado em R$ 40 milhões. Segundo a Secretaria Municipal Cidade Sustentável, o Comércio será o primeiro bairro a contar com o serviço, seguido, numa etapa inicial, de Itaigara, Pituba e Caminho das Árvores.
Pouco representativa em Salvador, a coleta seletiva na capital baiana sequer ofereceu dados para estatísticas nesse segmento nos últimos dois anos, segundo pesquisa publicada pela Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre).
A situação na Bahia vai contra uma tendência nacional. De acordo com a pesquisa Ciclosoft, 28 milhões de brasileiros em 927 municípios, o dobro de 2012, contam com o serviço, mas na Bahia poucas cidades têm iniciativas de sucesso, como Luís Eduardo Magalhães (a 940 km da capital), referência nesse segmento.
A capital baiana só conta com poucas cooperativas e catadores autônomos. Pela pesquisa, Salvador foi um dos 927 municípios avaliados, mas os dados coletados, como população atendida e custos com o serviço, só chegam até o ano de 2012: 2013 e 2014 não têm estatísticas.

Postos de coleta

De acordo com o Cempre, isso acontece porque a coleta seletiva na cidade é tão reduzida que não tem como ser medida. Segundo a prefeitura, em 2012 os 120 postos de entrega voluntária (PEVs) foram destruídos por vândalos, e, em 2013, os supermercados deixaram de atuar como PEVs, o que explica a descontinuidade do serviço.
O diretor-geral da Secretaria Municipal Cidade Sustentável, João Resch, diz que o projeto, orçado em R$ 40 milhões, prevê a criação de postos de entrega e o trabalho social com integrantes de cooperativas. “O projeto será desenvolvido em outubro em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES)”, diz Resch.
A notícia é recebida com alívio por moradores de áreas com grande volume de lixo, como o Rio Vermelho. A atuação de catadores, que, ao retirar os materiais recicláveis, espalham sujeira nas vias, é ponto a ser observado.
O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Rio Vermelho (Amarv), Lauro Matta, confirma que existe o problema, mas sinaliza que a associação já contatou a Limpurb nesse sentido.
“Há um mês fizemos uma reunião com a Limpurb e um dos pontos tocados foi a coleta seletiva. Eles ficaram de nos procurar e vou cobrar isso depois das eleições”, prometeu o presidente.
“O problema com os catadores é que eles sujam as ruas quando recolhem o material. Acabam prestando um serviço e um desserviço ao mesmo tempo”, disse.
Matta falou que a proposta da criação de PEVs e mobilização de catadores é perfeita para o Rio Vermelho, mas ressalta que a sensibilização tem que ir além disso.
“Muitas vezes, é uma questão de educação. É preciso ensinar a descartar o lixo de forma correta, mas a associação é muito para uma ação desse porte. Para se ter uma ideia, muita gente sobe o Morro das Vivendas para jogar resíduos no terreno baldio que fica perto da Faculdade Ruy Barbosa, e o lixo acumula”, diz.

Pouca informação

O projeto da prefeitura tem respaldo na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/10), já em vigor. Dados da edição mais recente Plano Básico de Limpeza Urbana (PBLU), publicado em 2012 pela prefeitura, apontam que, de todo o lixo, 46,11% da sua composição eram material reciclável (papel, papelão, vidro, metal, plástico, entre outros); 42,14%, lixo biodegradável (matéria orgânica); e 11,75%, resíduos descartáveis (papel higiênico, fralda e entulhos).
Segundo Resch, o programa partirá ‘do zero’, já que a prefeitura não sabe qual é o volume de lixo reciclável em Salvador hoje. “Não temos essa informação porque a Limpurb não faz coleta seletiva e as cooperativas que recebem ou recolhem esses materiais não divulgam balanço”, diz.

Custo-benefício

A pesquisa Ciclosoft aponta que o investimento para a coleta seletiva ainda é alto: custa, em média, 4,6 mais do que a coleta tradicional. O custo médio da coleta seletiva nas cidades pesquisadas foi de US$ 195,23 (aproximadamente R$ 439,26). Já o valor médio da coleta regular de lixo é de US$ 42,22 (R$ 95). Atualmente, a prefeitura gasta R$ 19 milhões com a coleta tradicional, o que representa 6% do orçamento total.
No entanto, separar o lixo gera, além de benefícios, economia. Os gastos com aterramento de resíduos, por exemplo, diminui na medida em que o volume de lixo reciclado cresce. A profissionalização dos catadores, segundo Resch, será contemplada no projeto.
“A cada R$ 1 investido pelo BNDES na cooperativa, R$ 1 será investido no fundo social”, prevê. No próprio PBLU fala-se em um “grande número” de catadores. Como não dispõem de sindicato, não se sabe o número exato. Ainda segundo o levantamento, muitos têm como única fonte de renda a venda dos materiais recicláveis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *