ONG pede fim de incentivos à Fifa: ‘Pobres pagam por Copa’
A organização beneficente Terre des Hommes (do francês Terra dos Homens) dedica-se a combater a exploração de crianças em países em desenvolvimento.
Ela quer, por exemplo, que a Fifa (Federação Internacional do Futebol), entidade que organiza a Copa do Mundo – um evento avaliado em bilhões de dólares – passe a seguir as mesmas regras de responsabilidade corporativa adotadas por outras corporações internacionais.
“Lojas de roupas têm responsabilidade sobre as condições de produção de seus fornecedores”, disse a diretora da Terre des Hommes, Danuta Sacher, à BBC. “Bem, o mesmo (princípio) deve se aplicar à Fifa e ao seu ‘produto comercial’ – a Copa do Mundo”.
“Devem se assegurar de que a Copa do Mundo está sendo produzida por eles de forma idônea e segura para crianças e suas famílias”, acrescentou.
‘Custo social e financeiro’
A ONG diz também que milhares de famílias foram retiradas de suas casas e instaladas, contra sua vontade, em cabanas sem água ou eletricidade. A entidade alerta que retirar famílias de suas comunidades aumenta drasticamente os riscos de que caiam na pobreza.
“Países anfitriões pagam um custo social e também um alto custo financeiro, o que, por sua vez, acaba tendo um efeito dominó sobre a quantidade de ajuda social que a nação é capaz de oferecer”.
Ela disse que o custo total da Copa do Mundo para os cofres públicos brasileiros foi estimado entre RS$ 18,5 e RS$ 28,2 bilhões.
Esse valor corresponde, aproximadamente, ao total que o Brasil gastou, em 2013, com o programa Bolsa Família, que atende a 50 milhões de pessoas, disse Sacher.
Outra questão que preocupa a ONG Terre des Hommes é a proibição da venda, pela população local, de comida, bebida e outros produtos nas imediações dos estádios. A Fifa exige que organizadores autorizem a venda apenas de produtos de seus patrocinadores.
“Estamos pedindo aos organizadores globais que levem em consideração a situação dos excluídos e pobres quando planejarem seus grandes eventos esportivos, para garantir que tragam benefícios para todos”, ela acrescentou.