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Semana de calote argentino e números ruins para a economia brasileira

A Argentina em moratória – O grande assunto da semana ainda não acabou. Nesse momento, Argentina e os fundos chamados abutres se reúnem com o juiz Thomas Griesa, em Nova York. Não se sabe a pauta do encontro, mas certamente há muito o que conversar já que o prazo terminou na quarta-feira em impasse. Uma possibilidade é a negociação direta entre os bancos argentinos e os fundos que não renegociaram a sua dívida, que pode ser uma saída, ainda que eu considere tecnicamente difícil. É preciso resolver essa questão de a Argentina querer pagar seus credores da dívida reestruturada e o juiz não permitir, a menos que sejam pagos os fundos sobre os quais ele deu sentença favorável. Há um desdobramento da crise complicada também que é a negociação entre quem comprou seguros contra o calote argentino. É hora de quem vendeu o seguro pagar? Isso será decidido por um órgão do mercado financeiro. As consequências do calote para o povo argentino podem ser pesadas. Como o governo Cristina Kirchner dilapidou as reservas tudo fica mais difícil. 
Fiscal ruim – Na quarta foi o Tesouro e na quinta, o Banco Central. Os dois revelaram, com dados ligeiramente diferentes porque as metodologias não são as mesmas, que os números fiscais do setor público em junho e no semestre foram muito fracos. Novo déficit primário, como em maio. Somado o rombo dos dois meses, o Brasil gastou R$ 13 bilhões a mais do que arrecadou. Foi o pior resultado da história para um mês de junho; em maio havia ocorrido o mesmo. Estamos nos distanciando do compromisso de economizar 1,9% do PIB em 2014. Agências de risco, por exemplo, dão muito peso ao déficit a também à capacidade de cumprir as promessas. O déficit nominal foi de 3,6% do Produto Interno Bruto.
Indústria cai – Semana termina com o dado divulgado hoje de queda de 1,4% na produção industrial de junho. A produção caiu 6,9%, na comparação anual. Foi o maior solavanco desde setembro de 2009. Bens duráveis tiveram mais um péssimo resultado. Queda de 34% em relação a junho do ano passado. Em bens de capital a queda em junho é de 9,7% em comparação com maio e de 21% em comparação com junho do ano passado. Os feriados da Copa pegaram as indústrias estocadas pela queda do consumo nos meses anteriores. Ao longo da semana, foi divulgado que a Confiança da Indústria caiu pelo nono mês consecutivo.
EUA em recuperação – A economia americana que havia tido uma queda do PIB no primeiro trimestre, de 2,1%, surpreendeu com um crescimento de 4% em junho, na medida anualizada. O mercado esperava 3%. O FMI tinha previsto crescimento de 1,7% para os Estados Unidos e agora o mercado prevê um crescimento entre 2,2% a 2,5% no ano.
Energia em crise – Márcio Zimmermann, ministro interino na pasta de Minas e Energia, contou na CBN sobre o reajuste da energia, que viria em três doses, até 2017 estaremos pagando o custo dos empréstimos dados este ano para cobrir os rombos das distribuidoras.
Tensão no mundo – Foi uma semana de agravamento de crise internacional, com piora da guerra entre Israel e Hamas. Nesta sexta, por exemplo, os dois lados amanheceram se atacando, um dia após aceitaram um cessar-fogo de 72 horas. Aumento da tensão também em relação à Rússia pelas sanções impostas à economia do país pelos ataques à Ucrânia.
Livros, livros – A Flip começou essa semana. O mercado editorial passa por mudanças, como a chegada de serviços de aluguel por assinatura. Tudo está mudando intensamente, e estão todos os segmentos fora da zona de conforto. Só quem está confortável é o leitor que tem cada vez mais formas de acesso ao livro. Fiz um programa sobre isso na Globonews.

Por Míriam Leitão

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