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Pessoas com neuromielite têm alterações nos autoanticorpos

Pesquisadores do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP e da Universidade Tohoku do Japão identificaram alterações nos níveis do anticorpo anti-aquaporina 4 em pacientes com neuromielite óptica, doença caracterizada por ataques imprevisíveis e graves de inflamação no nervo óptico e na medula espinhal, podendo causar cegueira e deixar o paciente restrito a cadeira de rodas. As descobertas abrem caminhos para novas estratégias de tratamento.
Segundo o coordenador da pesquisa, Dagoberto Callegaro, neurologista do HC, a grande maioria dos pacientes com neuromielite óptica é positivo no soro para autoanticorpos contra a aquaporina-4 (proteína importante para regular a quantidade de água nas células), mas os níveis do anticorpo no soro não se correlacionam com os ataques da doença.
No entanto, os estudiosos descobriram que os níveis de anti-aquaporina-4 no líquido cefalorraquidiano aumenta significativamente durante os ataques e se correlaciona de forma importante com substâncias que causam inflamação (citoquinas) e lesão dos astrócitos  (células da glia, que dão nutrição e suporte aos neurônios).
“Estratégias de tratamento que consigam reduzir a entrada do anticorpo contra aquaporina-4 no sistema nervoso, sua produção ou impedir a ligação dele com a aquaporina-4 podem ajudar a reduzir a gravidade dos ataques da doença”, comemora Douglas Kazutoshi Sato, neurologista pesquisador do HCFMUSP, que se dedica à pesquisa na universidade japonesa.
Células transfectadas

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram aplicadas técnicas avançadas de biologia molecular para detecção dos anticorpos disponíveis apenas em alguns centros no mundo, utilizando células transfectadas para expressarem as proteínas alvo. O estudo colaborativo já analisou amostras de mais de 400 pacientes em acompanhamento no Hospital das Clínicas.

Artigo com a descrição da pesquisa foi publicado na Annals of Neurology, uma das revistas mais importantes do mundo na área de neurologia. Os resultados também serão divulgados no 15º Congresso Brasileiro de Esclerose Múltipla e Neuromielite Óptica em Campinas, de 6 a 9 de agosto.
Poucos meses antes, os pesquisadores constataram que uma parcela dos pacientes com neuromielite óptica que são negativos para o anticorpo contra a aquaporina-4 são positivos para outro autoanticorpo, direcionado contra uma proteína da mielina (glicoproteína da mielina de oligodendrócitos) e descreveram as características clínicas e de imagem que podem diferenciá-los dos pacientes positivos para anti-aquaporina-4, em outro artigo da Neurology (revista oficial da Academia Norte-Americana de Neurologia- AAN). Os resultados também foram destaques na reunião anual de AAN, na Filadélfia, EUA, em maio.
Para o coordenador da pesquisa, Dagoberto Callegaro, o correto diagnóstico dos portadores da doença é essencial porque ela deve ser diferenciada da esclerose múltipla. “Os tratamentos para esclerose múltipla podem ser ineficazes ou até piorar a neuromielite óptica”.
USP

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