Israel critica postura do governo brasileiro sobre conflito em Gaza
O governo de Israel criticou a postura do governo brasileiro de convocar o embaixador em Tel Aviv para consultas e a publicar duas notas, em uma semana, considerando inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. No texto divulgado ontem (23), o Brasil “condena energicamente o uso desproporcional da força” por Israel na Faixa de Gaza.
Em comunicado à imprensa, o Ministério das Relações Exteriores de Israel, por meio do porta-voz, Yigal Palmor, manifestou “desapontamento” diante da convocação do embaixador brasileiro. “Israel manifesta o seu desapontamento com a decisão do governo do Brasil de retirar seu embaixador para consultas. Esta decisão não reflete o nível das relações entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Tais medidas não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região. Em vez disso, eles estimulam o terrorismo, e, naturalmente, afetam a capacidade do Brasil de exercer influência”, informa o texto.
Na nota publicada nessa quarta-feira, o Ministério de Relações Exteriores também reiterou seu chamado a um “imediato cessar-fogo” entre as partes. O Itamaraty explicou que, diante da gravidade da situação, votou favoravelmente à resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas que condena a atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e cria uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.Yigal Palmor disse que “Israel espera o apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países no mundo”. Jornais israelenses noticiaram críticas mais duras do porta-voz. De acordo com o jornal judaico The Jerusalem Post, Palmor disse que “essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”, e acrescentou que “o relativismo moral por trás deste movimento faz do Brasil um parceiro diplomático irrelevante, aquele que cria problemas em vez de contribuir para soluções”.
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também reagiu. “A Confederação Israelita do Brasil vem a público manifestar sua indignação com a nota divulgada pelo nosso Ministério das Relações Exteriores, na qual se evidencia a abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza, ao criticar Israel e ignorar as ações do grupo terrorista Hamas”, destaca o texto.
“Uma nota como a divulgada nesta quarta-feira só faz aumentar a desconfiança com que importantes setores da sociedade israelense, de diversos campos políticos e ideológicos, enxergam a política externa brasileira”, criticou a Conib, representante da comunidade judaica brasileira, que disse compartilhar da preocupação do povo brasileiro e expressar “profunda dor pelas mortes dos dois lados do conflito”, além de também esperar um cessar-fogo imediato.
Na nota publicada no dia 17 de julho, o governo brasileiro afirmou que “condena, igualmente, o lançamento de foguetes e morteiros de Gaza contra Israel”. Apesar de ter sido classificado como “anão diplomático”, o Brasil e a Alemanha são os únicos países a ter relações diplomáticas com todas as nações do mundo. Ontem, foi um dos 29 países a votar a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Houve 17 abstenções e apenas um voto contra, dos Estados Unidos. Além do Japão, todos os países europeus presentes, incluindo a França, o Reino Unido e a Alemanha, optaram pela abstenção.(AB)