Estatais responderam por 68% da energia vendida no leilão
No leilão A-0, realizado hoje, para entrega imediata, Petrobras, Furnas e Eletronorte entraram com 68% da energia vendida, segundo cálculos feitos pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), sendo que a petrolífera respondeu por quase 20%, como mostra matéria do Globo que pode ser lida aqui. Com esse leilão, as distribuidoras precisarão comprar um volume menor de energia do que compram agora ao preço de R$ 822, mas por outro lado, a Petrobras, que vendia por esse valor, passará a vender por um preço menor, a R$ 262.
– Isso mostra que o governo está usando, mais uma vez, as estatais para resolver um problema criado por ele. Se fosse bom negócio, teria participação maior das privadas. Não há tanto, porque o risco regulatório nesse setor está alto – diz o especialista em energia Adriano Pires.
O leilão de hoje não resolve o problema da crise energética no longo prazo nem descarta a necessidade de racionamento, porque não traz energia nova ao sistema.
– É um leilão que resolve um problema financeiro e fiscal. Vai permitir que o Tesouro e a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) coloquem menos dinheiro este ano do que colocariam se não tivesse o leilão. Mas não resolve a questão do racionamento – afirma.
Pires chama atenção para outro ponto importante: a contratação de energia cara para os próximos anos, porque os contratos serão de quase seis anos. E se a conta ficar mais alta adiante, acabará sobrando para o consumidor.
A conclusão a que se chega, segundo o especialista, é que o governo mostra, mais uma vez, que administra o setor com medidas de curto prazo.
Por Valéria Maniero