ONU cobra mais ações para limitar aquecimento global a 2ºC até 2100
A terceira e última parte do quinto Relatório de Avaliação feita por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) afirma que são necessárias mais ações para cortar as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento do planeta a 2ºC até 2100.
Segundo os cientistas, é preciso abandonar os combustíveis fósseis poluentes e utilizar fontes mais limpas para evitar o efeito estufa, que poderá provocar um aumento da temperatura do planeta entre 3,7ºC e 4,8ºC antes de 2100, o que seria um nível catastrófico.
“Há uma clara mensagem da ciência: para evitar uma interferência perigosa com o sistema climático, temos que deixar de continuar operando igual”, explicou Ottmae Edenhofer, copresidente do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) da ONU, que elaborou o documento.
O documento chamado de “Sumário para os Formuladores de Políticas”, divulgado neste domingo (13), em Berlim, apresenta ideias de como limitar o impacto das alterações do clima a partir da análise de 900 modelos econômicos, formulados por governos e pesquisadores, além dos resultados das negociações sobre o clima.
Segundo a brasileira Suzana Kahn Ribeiro, vice-presidente do grupo de mitigação do IPCC e uma das autoras do novo capítulo, o texto quer chamar a atenção de governantes para a inércia climática. “Se não tiver uma atitude drástica, não tem a menor chance de limitar em 2ºC até o final do século”, disse ela.
Emissões mais altas
De acordo com o sumário, é “altamente confiável” que entre 2000 e 2010 houve um crescimento anual de 2,2% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. E isso teria ocorrido mesmo com o conhecimento prévio de que entre 1970 e 2000 as emissões haviam aumentado 1,3% ao ano.
De acordo com o sumário, é “altamente confiável” que entre 2000 e 2010 houve um crescimento anual de 2,2% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. E isso teria ocorrido mesmo com o conhecimento prévio de que entre 1970 e 2000 as emissões haviam aumentado 1,3% ao ano.
O texto diz ainda que 80% dos lançamentos ocorridos entre 2000 e 2010 vieram da queima de combustíveis fósseis, principalmente da geração de energia e indústria.
O texto afirma que é preciso investir em formas alternativas que usem o vento, o sol e a água para gerar energia. Há ainda uma discussão em torno da matriz nuclear, considerada pelos cientistas uma tecnologia de baixo carbono, mas com barreiras operacionais e de segurança, necessitando, desta forma, mais progressos em pesquisas.
Principais ações
De acordo com as previsões do relatório, até 2050 o setor de energia deve emitir o dobro ou talvez o triplo da quantidade de gases em comparação às 14 gigatoneladas de CO2 equivalente lançadas em 2010. Por isso, “descarbonizar” a geração de eletricidade é um componente chave para o funcionamento das estratégias de redução de emissões.
De acordo com as previsões do relatório, até 2050 o setor de energia deve emitir o dobro ou talvez o triplo da quantidade de gases em comparação às 14 gigatoneladas de CO2 equivalente lançadas em 2010. Por isso, “descarbonizar” a geração de eletricidade é um componente chave para o funcionamento das estratégias de redução de emissões.
Na área de transportes, o relatório sugere a necessidade de diversificar os modais, com maior investimento em meios de massa, como trens e ônibus, e pede incentivos no desenvolvimento de combustíveis menos poluentes e veículos que usem a eletricidade.
Sobre uso da terra, agricultura e florestas, o relatório indica um declínio de emissões nessas áreas, principalmente pela diminuição do desmatamento. Os cientistas apontam que boas práticas na agricultura, a conservação de florestas e a recuperação de áreas degradadas são formas efetivas de mitigar a mudança climática.No setor de construção, o documento menciona avanços tecnológicos para redução de gases, principalmente em países em desenvolvimento, que contribuíram para a estabilização ou redução de emissões. No trecho que trata da indústria, o IPCC sugere um corte de 25% nas emissões em comparação aos níveis atuais com a implementação de inovações tecnológicas.
(G1)