Greve da polícia em Salvador atrapalha a venda de peixe no Mercado Popular
A busca por peixe e frutos do mar na Semana Santa é intensa em Salvador. No entanto, com a greve da Polícia Militar na semana da Páscoa, o movimento no Mercado Popular de Água de Meninos foi atípico, conforme se queixam os vendedores. “Em uma quarta-feira de Semana Santa não tem um pé de gente. Está fraquíssimo hoje por conta da greve. Os corredores estão vazios. A greve mangueou com a gente, porque hoje seria o dia principal de vendas. Semana Santa é o melhor período de vendas aqui e essa é a pior quarta-feira do período desde que cheguei aqui, em 2003. Os ônibus não estão rodando em sua capacidade máxima e só vem quem tem carro. Essa greve tinha é que ser perto da Copa, mas desse jeito só atrapalha o trabalhador”, desabafou o vendedor de ostras e bebidas, Reginaldo Leite.
No entanto há quem tenha aprovado a movimentação, que contou com grande engarrafamento na entrada. “Está decente, muito movimento por peixe, mas para camarão está menos”, relata Danilo Lima, que se diz otimista em comercializar seus crustáceos nos próximos dias. As reclamações, no entanto, não se resumem a quantidade de pessoas dentro do estabelecimento. Do lado dos clientes, a versão é outra. “Esperava até que tivesse vazio por conta da greve, o problema daqui é que está caro. Eu compro [peixes] badejo e cavala por R$ 20, R$ 22, mas hoje está R$ 25”, queixa-se o administrador Michel Chagas. Também consumidora, a autônoma Claudete da Silva diz acreditar que nos próximos dias o mercado encha. “Já está grande e deve piorar. Mas a greve é preocupante”, opina.
Permissionária de um dos boxes do mercado há 10 anos, Neuza Pestana relata que o último sábado foi seu recorde de vendas no ano e que no início da manhã de ontem o local estava vazio, mas próximo do meio-dia a melhora foi significativa. “Já tivemos dias melhores [para uma quarta-feira que antecede a páscoa]. Mas o povo também está se conscientizando a comprar os peixes com antecedência. Já vendo alguns há três semanas. O mais vendido é o peixe vermelho, cerca de 300 kg a 400 kg ao dia nessa época”, contextualiza.
A preferência dos clientes da permissionária Deuzinha é outra. “O corvina é meu peixe mais vendido. Em dia normal vendo 500 kg, mas hoje devo vender entre 100 kg e 150 kg”, conta. Na sua opinião, o déficit de transporte determina o esfriamento no comércio.
Mas não só de peixes se faz a mesa de um baiano no período. João da Lambreta, que leva seu apelido como sobrenome, vende seus produtos no local há 40 anos, muito antes da reforma, em 2003, e disse vender 1.000 kg de sururu por dia. “O pessoal está comprando mais peixe, mas talvez melhore. Mas claro que a paralisação da polícia atrapalha, as pessoas estão com medo de sair de casa”, afirma. O vendedor de produtos típicos da culinária baiana, Raimundo dos Santos de Jesus, não enxergou a quarta-feira como um fiasco, mas não deixou de lamentar. “A greve fez as vendas caírem em 40%”, calcula
(Tribuna)