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Especialista calcula que redução da luz pode custar R$ 50 bi

A redução do preço da energia no ano passado teve um preço alto demais. O especialista Mário Veiga, da PSR, um dos maiores consultores de energia do mercado, fez a conta. E ela chega a R$ 50 bilhões no pior cenário, somando-se os encargos do ano passado e de 2014. O custo será pago pelos consumidores até 2020. São cinco anos com aumento de 7% real por ano, sem contabilizar os outros custos.
Em entrevista que me concedeu na Globonews, ele explicou como chegou a esse número: em 2013, a compensação pela redução ficou em R$ 18 bilhões, sendo que R$ 10 bi serão pagos pelo consumidor a partir do ano que vem, e o resto, pelo contribuinte através de subsídios do Tesouro. Em 2014, serão R$ 10 bi do Tesouro e mais empréstimos às distribuidoras entre R$ 12 bi a R$ 24 bi.
Os reajustes futuros na conta de luz são apenas um dos medos na área da energia. O outro é a dificuldade de abastecimento. O especialista acha, por exemplo, que seria recomendável decretar racionamento já a partir de maio porque quanto antes fosse feito, mas suave seria. Mas o governo disse que não fará isso.
Segundo ele, se a hidrologia for desfavorável, existe 48% de probabilidade de se chegar a uma situação desesperadora – 10% de água nos reservatórios – até o fim do ano. Se isso acontecer, o risco de colapso é tão grande que o racionamento teria que ser mais severo, ele diz.
Abril vai terminar, de acordo com o especialista, com 37% de água armazenada nos reservatórios, o segundo pior número da história, só superado por 2001, ano de racionamento.
Choveu pouco, mas outras confusões aconteceram para criar esse ambiente de crise no setor elétrico. Uma delas: os leilões nos quais as distribuidoras compram energia não garantiram o suprimento de tudo o que elas precisavam para entregar aos consumidores. Por isso, tiveram que ir ao mercado de curto prazo, e o preço disparou.
Mário Veiga explicou também um mistério. O ano de 2013 foi normal do ponto de vista da hidrologia e havia excesso de oferta em relação à demanda. Mesmo assim, as térmicas tiveram de ser acionadas em plena carga. Isso aconteceu, segundo ele, porque há possibilidade de a produção de energia estar abaixo do que diz a teoria. A água gasta para produzir cada megawatt/hora é maior do que o estimado. Mário diz que a eficiência das hidrelétricas, na verdade, é menor; a água que pode ser armazenada nos reservatórios está abaixo do estimado – para saber a quantidade de água, por exemplo, são feitos cálculos matemáticos do fundo do reservatório, que precisa ser atualizado por causa do assoreamento, mas há décadas isso não é feito. Também tem ocorrido atrasado: menos megawatts entram no sistema. Ou seja, o parque das hidrelétricas não está recebendo investimentos para que melhore sua eficiência.

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