Vereadores debatem o Carnaval na Mudança do Garcia
Os vereadores de Salvador participaram do desfile da Mudança do Garcia, realizado nesta segunda-feira (3), penúltimo dia da folia na capital baiana. Protestos, como de costume, não faltaram na edição que homenageou o músico e compositor baiano Riachão. Desde os mais sérios até os mais irreverentes, havia um pouco de tudo.
Durante a passagem do bloco, pontos positivos e negativos do carnaval soteropolitano foram apontados pelos vereadores. Reajuste do IPTU, mudança no trajeto do Circuito Osmar, patrocínio da festa e ausência de animais no desfile estiveram em debate durante a Mudança do Garcia, desde a concentração, quando a animação esteve presente.
O vereador Gilmar Santiago (PT) chamou a atenção para o projeto que propõe a alteração do nome da Avenida Ademar de Barros para Avenida Milton Santos. “Enquanto Ademar de Barros foi um governador de São Paulo, que não tem nada a ver com a Bahia, o geógrafo baiano Milton Santos deve ser reverenciado por todos nós”, argumentou.
Propostas
Durante todo o trajeto do bloco até chegar ao Campo Grande, os vereadores fizeram propostas e levantaram bandeiras. Para o vereador Hilton Coelho (PSOL), esta Mudança do Garcia é, principalmente, para protestar contra o que chamou de “privatização dos circuitos da folia” e os “gastos excessivos” para realizar a Copa do Mundo “em um país que não consegue oferecer uma educação de qualidade”.
“Os circuitos da folia estão vendidos para as cervejarias. O Carnaval deixou de ser do povo para ser dos empresários. A população, também, está reclamando do transporte público. A prefeitura colocou mais dificuldade para os veículos particulares chegarem à festa, mas o transporte público ainda é muito deficiente”, declarou Hilton.
Circuito Riachão
A vereadora Aladilce Souza (PCdoB) chamou a atenção para o projeto que tramita na Câmara Municipal de Salvador que tem o objetivo de transformar o Circuito Riachão, trajeto percorrido pelos participantes da Mudança do Garcia, em circuito oficial da folia em Salvador.
Aladilce também destacou a necessidade de adequar a cobrança do IPTU à realidade da população soteropolitana. “Trata-se de um exemplo parecido com o que aconteceu com o PDDU em Salvador, em que a Justiça precisou intervir. Após uma longa batalha, houve oficialmente uma aceitação de modulações e, durante todo este tempo, a cidade não parou como quer pregar a prefeitura que irá acontecer com o IPTU”, declarou Aladilce, que aderiu á campanha pela concessão do URV para os servidores da Saúde na Bahia.
IPTU
Para Silvio Humberto (PSB) e Toinho Carolino (PTN) a maior quantidade de protestos durante esta Mudança do Garcia foi em relação ao reajuste do IPTU em Salvador. Enquanto o socialista também destacou a necessidade de se combater “o exorbitante aumento” do tributo na capital, o vereador do PTN disse que, ao contrário das edições anteriores da Mudança, os protestos foram todos concentrados na Prefeitura e esquecendo-se “as mazelas sociais deixadas pelo Governo do Estado”.
Sem animais
A ausência dos animais nesta edição foi comemorada pela vereadora Ana Rita Tavares (Pros). “Hoje temos uma Mudança do Garcia muito mais organizada e ainda melhor sem a presença de animais. Graças ao Termo de Ajuste de Conduta (TAC), assinada pelo Ministério Público e os organizadores do evento, desde 2011 não temos animais na festa. Eles (os organizadores) entenderam que esse ambiente não diz respeito aos animais e defendemos respeito a qualquer espécie de vida”, argumentou a vereadora.
Já o vereador Arnando Lessa (PT) criticou a ausência de uma tradição de tantos anos. “Os animais e as carroças fazem parte deste movimento. A Mudança está descaracterizada, perdeu o brilho”, pontuou.
Para o vereador Pedrinho Pepê (PMDB), a Mudança continua com sua característica maior, que é fazer protesto nas ruas em pleno carnaval. “Acompanhada de trios, minitrios e seus adereços, a Mudança permite que o povo vá para as ruas e brinque com muita alegria”, diz Pepê.
O vereador ressaltou que as críticas vão desde a presidente Dilma até o Executivo Municipal, passando também pelo Legislativo. O Pepê reproduziu a frase que mais lhe chamou a atenção: “Pagar IPTU para quê, ACM Neto? Para pagar a Câmara de Vereadores?” Para ele, “essa manifestação representa a forma da oposição da Mudança, servindo de alerta para os gestores públicos, que precisam entrar na linha da perfeição política”.