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Um código anticensura?

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No começo de janeiro, a senhora Wu fazia suas compras do mês em um supermercado de Wuhan, no interior do país, quando recebeu de troco quatro notas com gráficos estranhos estampados nelas e uma mensagem interessante: “Escaneie o código e baixe software para quebrar a censura da internet”. Segundo relato do Epoch Times, Wu pegou as notas e as mostrou aos repórteres do jornal local. A partir daí a história do troco misterioso percorreu a China e ganhou até as páginas do Diário do Povo, diário oficial do Partido Comunista.
O que ela encontrou em suas notas eram códigos QR. Criados originalmente pela Toyota, os códigos de barras bidimensionais agilizavam o processamento de componentes pelas linhas de montagem da empresa japonesa. Depois passaram a ser utilizados em outros segmentos, principalmente em anúncios. Quando escaneados pela câmera de um celular, podem levar o usuário ao site de um produto, mas no caso das notas chinesas levaram ao software anticensura.
O curioso é que diferentes portais chineses publicaram imagens das notas, levando visitantes a tentar escanear os códigos diretamente da tela do computador. Alguns conseguiram, como um usuário que relatou o júbilo de finalmente conseguir acessar o YouTube. Outros reclamavam da baixa resolução da imagem, dizendo que não conseguiam escanear o código corretamente. “Será que o repórter não poderia tirar uma foto melhor? Fiquei escaneando meu monitor por um tempão”, reclamou outro leitor.
Os códigos levavam a programas hospedados em servidores da Amazon em que pessoas ou empresas podem alugar espaço de armazenagem. O governo chinês teria de bloquear o acesso a esses servidores, o que certamente traria prejuízos para as empresas chinesas.
A publicação do relato da senhora Wu e das notas é importante por ser uma das primeiras admissões da mídia chinesa de que de fato há um sistema de censura da internet e que, além disso, existem também maneiras de burlar o sistema. Pode ser o primeiro passo para uma abertura total da internet na China – sonhar não custa nada.(CC)

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