Santos diz que não sabia dos 40 milhões e que irá a Justiça para ver contratos
Odílio Rodrigues, presidente do Santos, afirmou que o clube foi surpreendido com o recebimento de 40 milhões de euros (R$ 132,6 milhões) pela empresa N&N Consultoria Esportiva, do pai de Neymar, na negociação do atacante com o Barcelona, em 2013. E que pedirá na Justiça o acesso aos documentos da negociação.
Nesta quarta-feira, o dirigente recebeu alguns veículos de imprensa selecionados para uma entrevista coletiva. O LANCE!Net não foi convidado para o evento, mas obteve o conteúdo da entrevista por cortesia de outros colegas.
Segundo o dirigente, o clube analisou nos últimos dias todo o materal investigado na Espanha e levou em consideração as explicações de Neymar da Silva, pai do atleta.
– Ontem (terça-feira), o Santos fez um ofício pedindo que enviassem os documentos e tudo aquilo que faz referência à negociação. O pai do Neymar me ligou e me disse que viria aqui. Chegou à noite, explicou para a gente aquilo que tinha falado na coletiva, explicou com alguns detalhes e dissemos que gostaríamos de ter acesso aos documentos. Ele alegou cláusula de confidenciabilidade. Ou seja, ele pode falar, mas não poderia dar. O Santos vai pleitear, aguardamos resposta – disse.
– Temos sido cautelosos, não queremos fazer pré-julgamentos. A ideia é preservar de toda maneira o ídolo Neymar. Ele representa muito para o Santos – deixou claro.
De acordo com ele, os valores da venda de Neymar foram aprovados pelo Conselho Fiscal em 2013 e, posteriormente, o Conselho Deliberativo recebeu os contratos que apontavam o recebimento de 17,1 milhões (R$ 56,7 milhões). Odílio explicou que, em 2013, duas propostas chegaram ao clube: a do Barcelona e a de outro clube – o Real Madrid. E que o clube negociou com o Barça – o que contraria a tese de pré-contrato.
– Ele tinha contrato conosco até 2014, mas queria sair em 2013, estava infeliz. E percebemos que, se não fosse ali, perderíamos o jogador de graça mais tarde. Chamamos o Neymar, entregamos as duas propostas e ele decidiu pelo Barcelona. Aí foi feito o negócio. A primeira proposta era uma de pagar ao Santos 16 milhões de euros parcelados em cinco anos. Recusamos e por fim chegou a 17,1 milhões à vista, com a possibilidade de receber 2 milhões de euros se ele for um dos três indicados a melhor do mundo pela Fifa no período em que estiver no Barcelona – citou.
– Recebemos o dinheiro, comunicamos a DIS, pagamos o percentual deles e da Teisa. E nós fomos surpreendidos um tempo depois quando o vice-presidente deles disse que o Neymar tinha custado 57 milhões de euros. Isso criou em todos nós uma surpresa e indignação. No futebol, uma diferença de 40 milhões de euros te faz suspeitar de todo mundo – admite.
De acordo com o dirigente, uma carta foi enviada ao Barcelona em 12 de julho de 2013, logo após a Copa das Confederações, cobrando explicações sobre os valores. Mas as explicações foram vagas:
– O presidente (Sandro Rossll) nos respondeu com uma cópia para a Fifa. Confirmou os 17,1 milhões ao Santos e alegou que os outros 40 milhões de euros não foram ao Santos e a nada ligado ao Santos, mas pagos a outros protagonistas da negociação, sem identificá-los – disse.
Na terça-feira, o pai de Neymar convocou uma entrevista coletiva e admitiu que, portando um documento que o liberava de negociar com outros clubes desde 2011, recebeu 10 milhões de euros (R$ 33,1 milhões) adiantados pela preferência. E que, com a venda em 2013, chegou ao total de 40 milhões de euros (R$ 132,6 milhões). No total, a negociação supera os R$ 300 milhões.
(Terra)