Produção afegã de ópio bate recorde antes de retirada ocidental
O cultivo de ópio no Afeganistão bateu um novo recorde, enquanto as forças internacionais se preparam para deixar o país, disse a ONU nesta quarta-feira, em meio a preocupações de que os lucros serão destinados a comandantes de milícias que disputam poder com vistas à eleição presidencial de 2014.
“O prognóstico em curto prazo não é positivo”, disse Jean-Luc Lemahieu, diretor do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) no Afeganistão.
“A economia ilícita está se estabelecendo, e parece estar superando em importância a economia lícita.”
O Afeganistão é o maior produtor mundial de papoula, planta que dá origem ao ópio e à heroína. No ano passado, o país respondeu por 75 por cento do suprimento global, e Lemahieu havia dito anteriormente que poderia chegar neste ano a 90 por cento.
A falta de fiscalização, já que as tropas estrangeiras estão recuando das suas posições para se preparar para a retirada em 2014, a elevada cotação do ópio no ano passado e a crescente escassez de vontade política afegã para enfrentar o problema contribuem com a expansão da produção, segundo Lemahieu.
A área cultivada com papoula cresceu 36 por cento em relação a 2012, superando o recorde anterior, de 193 mil hectares cultivados em 2007, segundo relatório da agência antidrogas da ONU. A produção total é estimada em 5.500 toneladas de ópio, alta de 49 por cento em relação às 3.700 toneladas de 2012.
O lucro para os produtores deve se aproximar de 1 bilhão de dólares, ou 4 por cento do PIB afegão. Parte desse lucro deverá servir para alimentar a insurgência do Taliban, mas reservadamente autoridades afegãs também acusam membros graduados do governo de se beneficiarem.
(Reuters)