Boia brasileira monitora variáveis atmosféricas e oceânicas

Uma boia com sensores para monitoramento atmosférico e oceânico, totalmente construída no Brasil, está ancorada a 3,7 mil metros de profundidade no sudoeste do Atlântico Sul desde abril deste ano.
O objetivo é coletar dados essenciais para prever melhor o tempo e a ocorrência de eventos extremos, como as fortes chuvas que atingiram a região serrana do Rio de Janeiro em 2011 e o furacão Catarina, que golpeou a região Sul do Brasil em 2004.
Tais eventos têm origem na interação entre variáveis atmosféricas, como precipitação, umidade, vento e radiação, e oceânicas, como salinidade, temperatura e pressão – que impactam as condições climáticas no Brasil e na América do Sul de forma geral.
“Precisamos de um monitoramento contínuo desses dados a fim de acompanhar as nossas condições climáticas atuais e de nos prepararmos melhor para mudanças e ocorrências extremas”, afirmou Regina Rodrigues, pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no terceiro dia da 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (Conclima), que ocorre até esta sexta-feira (13/09), no Espaço Apas, em São Paulo.
Nas porções equatorial e tropical do Oceano Atlântico, entre o Brasil e a África, esse tipo de monitoramento conta com uma série de boias de fabricação norte-americana, pertencentes ao Projeto Pirata, um programa conjunto entre França, Alemanha, Estados Unidos e Brasil. A porção subtropical, contudo, ainda carecia de atenção – lacuna que a boia em questão, chamada Atlas-B Guariroba, foi destinada a ajudar a preencher.
O equipamento foi construído por um grupo de pesquisadores do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), coordenado por Edmo Campos e do qual Rodrigues então fazia parte.
“Decidimos desenvolver a boia no Brasil para ter mais autonomia em relação aos fabricantes externos, que nos ajudaram a aprender a tecnologia necessária, e mais liberdade para escolher o posicionamento ideal para a boia”, disse Rodrigues.
(Exame)