Ministério Público quer retomar operação contra 2 construtoras
O Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) resolveu ressuscitar uma operação que estremeceu os meios políticos do Brasil, com influência especial na Bahia. Diante das recentes denúncias de supostas fraudes em licitações no metrô de São Paulo, a Operação Castelo de Areia pode voltar à ativa após o MPF-SP recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que a corte autorize o retorno dos trabalhos da Polícia Federal às investigações, paralisadas desde 2010, com apenas um ano de atuação.
Na Bahia, a operação denunciou, ainda em 2009, quatro executivos, dois da construtora Camargo Corrêa e outros dois da Andrade Gutierrez, por formação de cartel, fraudes ao processo de licitação das obras do metrô de Salvador e formação de quadrilha. Segundo o MPF-SP, as construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez e a companhia alemã Siemens firmaram um consórcio denominado Metrosal para disputar a licitação, vencida pelo consórcio Cigla, formado pela italiana Impregilo e pela construtora brasileira Soares da Costa. Após a suposta desistência do consórcio vencedor, a Metrosal foi declarada vencedora da licitação. De acordo com as investigações, documentos apreendidos provam que a exclusão da Cigla se deu de forma ilegal, pois a empresa italiana recebeu compensação financeira milionária por parte do consórcio Metrosal – estimada em mais de R$ 10 milhões.
“Ora, se a Camargo Corrêa já participava da licitação em consórcio com a Andrade Gutierrez e a Siemens, obviamente, não poderia participar, novamente, consorciada com as empresas perdedoras”, destacou a procuradora da República Karen Louise Jeanette Kahn, quando realizou a denúncia contras as empresas.
O esquema, além de envolver construtoras, remete ainda a uma lista com cerca de 200 políticos, que teriam recebido o dinheiro resultante das negociações. Estancada há três anos, a Operação Castelo de Areia foi suspensa sob argumentação de que as escutas realizadas foram feitas de maneira ilegal. A decisão do Supremo Tribunal de Justiça – inédita até então – aceitou a tese do ex-ministro Marcio Thomaz Bastos, advogado da Camargo Corrêa, de que uma denúncia anônima não poderia dar início a um processo de investigação por meio de escutas.
Nas gravações aparecerem figuras proeminentes no cenário político nacional, como o atual vice-presidente da República, Michel Temer, então presidente da Câmara dos Deputados. Ainda não há um prazo definido para certificar que a operação será efetivamente reiniciada. O pedido aguarda a análise do recém-empossado ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, porém, a simples menção do nome já deixou os bastidores da política e do setor da construção civil agitados, vide a série de documentos e indicativos de que existiu uma série de negociatas envolvendo empresas do setor e também políticos de alto calibre. (IG)