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Opinião – Na Contramão.

Durante semanas o Brasil testemunhou protestos que buscam abrir os olhos das autoridades a cerca de temas importantes para toda a coletividade. Transporte, saúde, segurança, educação e reforma política foram pauta e motivaram milhões de pessoas a deixarem seus lares e irem às ruas de forma completamente espontânea.
Visto por esta ótica, os movimentos possuem uma imensa representatividade e, de fato, são ferramentas de mudança da sociedade.
Em Salvador, estes movimentos produziram uma lista de reivindicações que deve ser analisada em breve audiência pública realizada na Câmara Municipal, esta mesma Casa Legislativa tem feito muito pouco por Salvador, tendo em vista que, anos após ano, dedica tempo financiado pelo povo a votações ligadas aos desejos do poder executivo. Entretanto, viemos tempos de mea culpa e a Câmara terá chance de demonstrar o qual importante é para a cidade de Salvador.
Por seu turno, o prefeito ACM Neto abriu as portas da Prefeitura para receber os manifestantes. Em milhares não conseguiram chegar a um consenso e perderam a chance de apresentar esta mesma pauta ao prefeito da terceira maior cidade do país.
Todas as manifestações apontaram para problemas comuns e que necessitavam de respostas rápidas, mesmo em cenários de densa burocracia como o da Reforma Política.
Chamou a minha atenção a forma como os moradores do Subúrbio Ferroviário resolveram protestar. Saíram em marcha pela principal avenida da região. Qualquer pessoa que conheça os graves problemas de mobilidade que se abatem sobre o morador dos diversos bairros que forma a região da suburbana que abriga 345 mil habitantes, lembraria imediatamente da Rua Luiz Maria – Ligação entre a Suburbana e o Centro de Salvador que, destruída pelo tempo e estreitada pelo adensamento demográfico, obriga os passantes a horas de engarrafamentos. Ou então, lembrar-se-ia da Feira de Periperi, ou da Cidade de Plástico ou da precariedade da educação oferecida em dezenas de escolas públicas municipais e estaduais que sucateadas recebem alunos cada vez mais desmotivados.
Nenhum destes pontos recebeu a visita de nossos manifestantes.
Na contramão das necessidades reais da região, preferiram seguir em marcha até Paripe e lá derramar suas reivindicações.
A pergunta que não pode deixar de ser respondida: Por que seguir na contramão da história?
Enquanto em todo o país, manifestantes preferiram os pontos nevrálgicos para demonstraram sua indignação, no Subúrbio de Salvador os mais graves problemas foram ignorados, viraram citações em cartazes.


A esta questão só os líderes do movimento tardio, porém bem-vindo, podem responder e com a certeza de que ouvidos estariam muito mais atentos se a direção fosse outra.
                                                                                                                              Por Jorge Andrade.
Opinião Bahia

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