Manoel Pinto de Aguiar, uma unanimidade
Sócio efetivo do IGHB, desde 1927, Manoel Pinto de Aguiar foi um dos baianos mais ilustres do século XX.
Nascido em Alagoinhas (Ba), a sete de março de 1910, foi um dos mais destacados empreendedores do seu tempo. Cavalheiro culto era por todo apreciado graças às suas excepcionais qualidades de inteligência e caráter.
Primava pela elegância, tanto no trajar-se impecavelmente, quanto nos gestos e atitudes refinadas. Era um paradigma de elegância entre os homens do seu tempo.
Foi sempre assim, desde a meninice na sua cidade natal, como depuseram seus colegas Francisco Ponde Sobrinho e Jayme Ponde. Era aplicado aos estudos, cordato e ordeiro, desde a época da escola primária, antecipando o grande homem que haveria de ser.
Pertencia às rodas intelectuais da Bahia, tendo sido Sócio do IGHB, membro fundador do antigo Centro de Estudos Baianos e adepto do movimento modernista local. Nessa onda transformadora das letras e das artes, engajou-se nesse movimento em 1928, quando ingressou na Faculdade de Direito da Bahia.
Advogado, economista, professor e escritor era um idealista, sempre a sonhar com o Brasil e seus problemas, sempre envolvido com a cultura e com a educação da nossa gente.
Com apenas 23 anos de idade foi nomeado diretor da Caixa Econômica Federal na Bahia, cargo que ocupou por quase quatro anos. Durante esse período, criou cerca de vinte agências no interior do Estado.
Lecionou na Faculdade de Ciências Econômicas, onde era muito apreciado pelos discípulos, graças à sua competência e fina educação. Era muito admirado e respeitado pelos alunos, aos quais muito estimulava.
Segundo sua filha, Lia Corrêa, ensinar era a tarefa que seu pai mais apreciava, preferindo, a qualquer tratamento que lhe fosse dispensado, o de professor.
Em 1945 criou a editora Progresso, ao lado do amigo Armando Souza, empresa que durou 15 anos, tendo editado 450 títulos. Era seu objetivo dar oportunidade ao escritor baiano de publicar os seus trabalhos, sendo essa tarefa pioneira em nosso meio.
Considerava importante abrir um mercado livreiro para a Bahia, até então exclusivamente nas mãos dos editores do Sul do País.
Em 1956, recebeu proposta do Reitor Edgar Santos para se incumbir das publicações da Universidade Federal da Bahia.
Além de editor e livreiro, Pinto de Aguiar era um intelectual produtivo, tendo escrito 23 livros, sem falar nos artigos, ensaios e conferências e 27 traduções, especialmente de autores franceses.
Membro da Academia de Letras da Bahia, nela ocupou a poltrona número 40, cujo patrono é Francisco Mangabeira, em substituição ao fundador, o acadêmico Otávio Mangabeira. Foi eleito a 16 de março de 1961, tendo tomado posse a 21 de março do ano seguinte, sendo recebido pelo poeta, José Luiz de Carvalho Filho. Graças à sua produção intelectual também se tornou membro da Academia Carioca de Letras.
Pinto de Aguiar se destacou como o primeiro empresário de loteamentos urbanos de Salvador, tendo sido de sua iniciativa o Parque Cruz Aguiar, situado no Rio Vermelho. Responsabilizou-se pela implantação das linhas de transporte urbano daquela área. Investiu no subúrbio, com a construção do bairro do Jardim Lobato, abrindo mais de quatro mil lotes na área, antes dominada pelas chácaras.
A parte nova do bairro dos Barris também é sua obra, que também construiu o bairro de Cidade Nova, em Ilhéus.
Quando se transferiu para o Rio de Janeiro, onde viveu até a morte, em 1991, levou consigo sua biblioteca composta de 10 mil volumes, 384 periódicos, recorte de jornais, fotografias e das inúmeras medalhas com que foi condecorado. Os livros foram enviados do Rio de Janeiro para o Centro de Estudos Baianos da Ufba, tendo a coleção sido encaminhada pelo próprio doador que, generosamente, responsabilizou-se pelo pagamento do frete rodoviário.
Como, à ocasião, era diretora daquele órgão, fiquei muito honrada com a dádiva e com a presença de Pinto de Aguiar no ato de inauguração do acervo, ao qual compareceram, entre outros, o Reitor Macedo Costa e o Vice José Calasans.
Não disponho mais de espaço para dar continuidade a esses comentários, o que me impossibilita de realizar esse intento.
Gostaria de saber a genealogia ascendente de Manoel Pinto de Aguiar,pois uma de minhas ramificações provém da Bahia. Baltazar Antonio Pinto (ou Pinto de Aguiar), português, casado com uma baiana, teve um filho Baltazar Pinto de Aguiar que no final dos anos 1700 veio para o Rio Grande do Sul e gerou uma vasta descendência. Por isso, gostaria de saber se este Manoel Pinto de Aguiar não teria seus avós parentesco com o nome citado. ok
Prof.º Paulo Corrêa dos Santos. Itaqui.RS