Capitais reavaliam tarifa de ônibus após protestos
Governos de capitais de todo o país reavaliavam nesta terça-feira as tarifas do transporte público e algumas prefeituras anunciaram a redução deste valor após a onda de manifestações da véspera que levou mais de 200 mil pessoas às ruas de todo o Brasil, num protesto que teve como estopim a elevação do preço da passagem.
Em São Paulo, epicentro das manifestações há cerca de duas semanas, o prefeito Fernando Haddad (PT), que chegou a descartar a redução da tarifa, reuniu-se com integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que tem organizado as manifestações, e disse que uma eventual redução do valor da passagem passa por um diálogo entre o poder público e empresários do setor.
“Eu gostaria de dizer que esse debate nos interessa. E nós queremos esgotar as possibilidades de entendimento, de compreensão desse fenômeno do transporte público, da mobilidade urbana na cidade de São Paulo”, disse.
“Nós temos aí um trabalho a fazer da parte do poder público e um trabalho a fazer do ponto de vista do empresariado, porque nós não temos receita para subsidiar a tarifa para além do esforço que está sendo feito”, disse, lembrando que em outros países a parcela da tarifa paga pelos governos e pelos empresários é maior do que na capital paulista.
Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB), apontado como provável candidato à Presidência no ano que vem, se reuniu com prefeitos da região metropolitana do Recife e anunciou a redução da tarifa em 10 centavos.
“Essa decisão não é para acalmar os ânimos. O objetivo é fazer um diálogo correto. Sabemos que a pauta está em construção no debate na rua, existe um incômodo no Brasil inteiro”, disse Campos em entrevista coletiva nesta terça.
Na véspera, mais de 200 mil pessoas tomaram as ruas de diversas capitais do Brasil, na maior manifestação popular no país em mais de 20 anos, para reivindicar melhores serviços públicos, combate à corrupção e protestar contra os gastos com a Copa do Mundo de 2014.
Embora a gama de insatisfações e reivindicações tenha se ampliado, principalmente nos protestos de segunda-feira, a onda de manifestações foi deflagrada pela elevação nas tarifas de transporte público em todo o país.
(Exame)