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Brasil precisa de mais cursos técnicos

Na lista dos dez postos de trabalho mais difíceis de preencher no Brasil, técnicos estão em primeiro lugar
Empresas não valorizam profissionais de nível técnico (em geral, mal remunerados), governos não estimulam a criação de cursos para formação de profissionais desse nível e jovens ainda dão preferência à universidade após o ensino médio. O resultado da associação de fatores? “A escassez de profissionais qualificados para preencher cargos técnicos”, responde Moisés Sznifer, especialista em coaching (orientação profissional) e professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAE), em São Paulo. “Hoje, infelizmente, só atua na área técnica quem não encontra outra opção melhor.” 
A avaliação do especialista é feita a partir da observação de pesquisa publicada recentemente que confirmou análises anteriores preocupantes: as empresas têm dificuldades em contratar profissionais na área técnica — entre outros setores. O estudo, realizado pela ManpowerGroup, empresa especializada em seleção de pessoas, coloca o Brasil na vice-liderança entre 42 nações com a maior escassez de talentos: 68% dos empregadores entrevistados relataram dificuldades para preencher vagas em suas organizações. O índice equivale a quase o dobro da média global.
“O porcentual é alto, mas não deveria surpreender: só reflete a realidade brasileira”, diz Snifer. “Os diplomas técnicos não são valorizados e faltam profissionais em áreas operacionais, de mecânica e eletricidade, por exemplo.”
Ao mesmo tempo em que as empresas sofrem para encontrar profissionais, também são responsáveis em grande medida por afastá-los dos postos de trabalho. “As organizações têm culpa na medida em que investem muito em programas de estágio e trainee, mas não cuidam da qualificação de seu quadro técnico”, diz. Segundo o economista, a lei da oferta e da procura não se aplica às áreas técnicas. “A demanda pelos profissionais é alta, mas os salários pagos continuam muito baixos.”
Não há passe de mágica para encontrar – e contratar – bons profissionais. A solução para o déficit de talentos no país, especialmente em níveis técnicos, é investimento. Assim como o governo federal oferece bolsas de estudo no exterior para cursos de nível superior e pós-graduação, por meio do programa Ciências sem Fronteira, Snifer defende que sejam concedidos benefícios para cursos técnicos. O passo seguinte é a valorização salarial. “Hoje, não há estímulo governamental para cursos técnicos, e as iniciativas privadas não dão conta dessa missão. Para combater a escassez de mão de obra, precisamos de mais e melhores cursos”, afirma o especialista. 
(Veja)

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