Turismo em Salvador é vocação e decepção
Já pintou o verão, calor no coração… Pronto. O verão vai encher Salvador de cores. Mas, a cidade de todos os encantos e axé ainda continua pecando na receptividade ao turista nacional e estrangeiro. O que antes dava orgulho, agora é motivo de negação ao recomendar a vinda para nossa querida terra da magia.
Como sugerir a um amigo que queira vir à Salvador para que visite o Elevador Lacerda? Tomar um banho de mar e beber uma cerveja gelada na orla marítima? Andar na noite do Pelourinho? Ir à Ilha de Itaparica? Ou até mesmo saborear um sorvete na Ribeira?
O Elevador Lacerda está com apenas uma cabine funcionando. A espera tem sido de longos vinte minutos para fazer o trajeto de cerca de trinta segundos. Um calor infernal entre tapumes e reclamações dos usuários turistas que preferem esse transtorno para certificarem-se de que vieram à Bahia.
A orla marítima de Salvador está favelizada entre caixas de isopor e outros equipamentos que lembram uma festa de rua. Comida produzida de maneira perigosa e irresponsável, falta de sanitários, instalações inadequadas, isso sem contar que cerveja quente é algo intragável.
Caminhar na noite do Pelô e conhecer restaurantes e bares que também fazem a fama do local é o mesmo que caminhar em uma selva colombiana dominada pela guerrilha. Certamente o incauto andarilho será abordado por pedintes e marginais. Além disso, os vendedores de fitas do Senhor do Bonfim e outras quinquilharias agem de forma agressiva diante do turista.
O ferry-boat é uma agressão ao usuário, a Ribeira degradada não oferece estrutura suficiente para que aquela localidade seja incluída no roteiro turístico da cidade. Ou seja, faltam motivos para recomendar nossa cidade para os visitantes. E quem ganha com isso?
Os donos de bares e restaurantes badalados não concordarão que a cidade não tem opções para o turista. Essa falta de cuidados com nossos equipamentos turísticos faz com que os receptivos encaminhem os turistas para churrascarias, restaurantes e bares da moda, e deixando de lado, os nossos pontos mais belos da cidade.
Cabe uma política mais agressiva de fomento ao turismo de nossa cidade, com a criação de novas rotas, como a Via da Fé com a visitação de igrejas e o Memorial Irmã Dulce, a inclusão do subúrbio ferroviário com suas belezas e gastronomia, além disso, temos a modalidade do turismo social que mesmo com o crime organizado, o Rio de Janeiro conseguiu fazer.
A Empresa de Turismo de Salvador (Saltur) deveria deixar de ser um departamento que cuida apenas do Carnaval e cuidar do turismo que é uma das vocações econômicas de nossa cidade.