Prefeitura continua com as rédeas da Câmara
Por Jeremias Silva
A composição que deu contornos finais à nova Mesa Diretora na Câmara Municipal de Salvador (CMS) para os próximos dois anos mostrou que aquela Casa Legislativa continua sob o domínio do Poder Executivo. E a decisão final que conduziu o vereador Paulo Câmara (PSDB) para o comando dos trabalhos foi o primeiro indicativo de que os edis ainda permitem a influência do Palácio Thomé de Souza no plenário Cosme de Faria.
Tendo uma corrida sucessória com vários nomes, a disputa afunilou com Paulo Câmara e o colega Hilton Coelho. Será que Coelho imaginou que teria mais que o voto da tal resistência? Esse “cartão de visita” mostrou-lhe que as coisas não são tão fáceis de vencer apenas com discursos. O vereador Carlos Muniz (PTN) poupou falácias e mesmo assim teve que poupar sua ação em nome de uma inexistente unidade partidária. Digo inexistente, enquanto tiver na legenda, o seu colega Geraldo Júnior, que soube de maneira hábil subir mais um trecho no complicado mundo do alpinismo político.
O “dedo” do prefeito ACM Neto (DEM) apontou a direção que a Casa deveria tomar, e isso foi feito. Câmara, digo, o Paulo, teve sua carreira política forjada no berço carlista, quando foi uma espécie de sub-prefeito na gestão Imbassahy, e essa raiz não foi negada. Talvez fosse ele, o único “confiável” do democrata para assumir o posto na presidência da CMS.
A costura foi bem feita, e mesmo a decisão da maioria teve a participação dos partidos alinhados à esquerda. Vereadores como Waldir Pires (PT) e Edvaldo Brito (PTB) também votaram no “menino” Câmara. Terá sido por conta da confiança no jovem vereador ou o alinhavado das negociações foi fator preponderante? Vai saber o que se passa nessas experientes cabeças.
Resta torcer para que o discurso de Paulo Câmara – que até então era um vereador “boa praça” – seja aplicado na prática para melhoria do funcionamento e da imagem do Legislativo municipal perante o público, porque na minha opinião, não conseguirá resgatar a tão falada autonomia do Legislativo, pois a sua eleição é a primeira prova da interferência ad eternum do Palácio Thomé de Souza na Casa do Povo.