Pedestre é expulso das calçadas em Salvador por todo tipo de tranqueira
Calçadas esburacadas, cheias de lixo, barracas, vendedores ambulantes e carros que tomam o lugar do pedestre formam o quadro que se vê em toda a Salvador.
Segundo o urbanista Fernando de Oliveira, “a necessidade de calçadas de qualidade vale para todos: adultos, jovens, crianças, idosos e pessoas portadoras de deficiência física, que precisam que a cidade ofereça pavimentos bem nivelados, sem buracos e dotados de rampas de acesso para cadeiras de rodas. Mas, infelizmente, em Salvador as pessoas dão pouca importância às calçadas. Motoristas estacionam carros em cima dos passeios, forçando o pedestre a andar no meio dos carros, e se alguém reclamar ainda acham que o pedestre está errado”, enfatizou.
A vendedora Sirleide Maria da Silva concorda e reclama das calçadas na Djalma Dutra e na Av. Vasco da Gama: “Elas aqui são horríveis. Além de carros estacionados, há lixo em vários pontos e muitos buracos”, disse.
Na Avenida Joana Angélica são as barracas em cima dos passeios que impedem a circulação de pessoas. No centro da cidade, Avenida Sete de Setembro, os camelôs entopem as calçadas e as pessoas são obrigadas a circular em meio aos carros.
Segundo pesquisa feita pela equipe do portal Mobilize Brasil, que saiu pelas ruas de algumas capitais brasileiras para avaliar a situação das calçadas do país, Salvador mecere nota 4,61, em uma escala que vai de 1 a 10.
Em Salvador, a calçada que recebeu a média mais alta (10) foi a da Barra, na Avenida Oceânica, a do Corredor da Vitória ficou com 8, a da Orla de São Tomé de Paripe (Subúrbio Ferroviário), 7,38, Rua do Hospital Geral do Estado, média 7,13, Rua Conselheiro Junqueira Ayres (Centro),5,88, Largo da Calçada (Cidade Baixa), 4, Ladeira dos Barris (Centro), média 3,25, Rua Benjamin de Souza (São Tomé de Paripe), 2,5, Avenida Afrânio Peixoto (Av. Suburbana),1,25, Avenida Vasco da Gama,1,13 e Rua Régis Pacheco (Cidade Baixa) 0,63.
Sensores de qualidade de vida
Além da importância para o transporte, as calçadas funcionam também como um “sensor” da qualidade de urbanização de uma cidade. Alguns pensadores afirmam que se pode medir o nível de civilização de um povo pela qualidade das calçadas de suas cidades.
Para o urbanista Fernando de Oliveira, elas devem ser suficientemente largas e, sempre que possível, protegidas por arborização para conforto de quem anda sob o sol. E bem iluminadas, para quem caminha à noite.
“Outros itens que não podem ser esquecido são bancos e jardins, sempre que houver espaço. São um sinal de gentileza urbana precioso, que se contrapõe à correria de nossos dias. E, ainda, calçadas devem ser complementadas por faixas de segurança, equipamento básico para a travessia segura das ruas. Além disso, semáforos especiais, placas de sinalização e outros equipamentos de segurança podem ser necessários nas vias de maior movimento”, explicou.