A nostalgia da oposição
O ano é novo, mas as críticas da oposição às políticas macroeconômicas empreendidas pelo governo federal continuam velhas. A novidade, talvez, fique por conta da forma. Cada vez mais ostensivos, os discursos nostálgicos a favor do Estado mínimo e da volta das privatizações escancaram o inconformismo de setores conservadores da nossa sociedade com os novos rumos seguidos pelo país nos últimos dez anos.
Sem conseguir aceitar que, a partir do governo Lula, o Estado brasileiro tenha se transformado no grande planejador e indutor do nosso desenvolvimento e de processos de mobilidade social centrados na geração de emprego, no aumento da renda do trabalhador e em sistemas de proteção social, os porta-vozes da oposição, amparados por seus asseclas da grande mídia, têm elevado o tom para apontar o que interpretam como forte intervenção do Estado na economia.
Mesmo diante dos malfadados exemplos das políticas de austeridade praticadas na Europa – as quais estão levando boa parte do velho continente à recessão, oferecendo socorro aos bancos e subtraindo os direitos dos cidadãos -, a oposição segue em sua ofensiva às medidas de incentivo ao investimento e garantia do emprego do governo Dilma, a seu ativismo anticíclico e à defesa comercial do Brasil.
Por certo gostariam de negar os avanços em relação à diminuição das desigualdades sociais, os quase 20 milhões de empregos gerados e os 40 milhões de brasileiros retirados da situação de miséria, na última década.
Provavelmente desejam, como até pouco tempo atrás, um Estado refém dos interesses das velhas elites e de grandes grupos econômicos, subserviente a organismos internacionais e seguindo à risca a cartilha neoliberal que só aprofundou nossas mazelas e atrasou nosso desenvolvimento.
Por não aceitarem que, hoje, o governo tenha uma nova forma de se relacionar com o mercado, priorizando os interesses da população, reduzindo os juros a níveis históricos, enfrentando interesses poderosos, investindo em infraestrutura, mobilidade urbana, educação e inovação e fortalecendo setores estratégicos, pregam a volta ao passado e à apropriação do Estado pela iniciativa privada, às políticas de corte de gastos e estagnação de investimentos, de juros estratosféricos e endividamento público que foram a marca dos governos tucanos.
Incrédulos em relação ao potencial do nosso mercado interno, querem convencer a opinião pública de que o crescimento que se fundamenta em sua expansão esgotou-se.
Ora, como falar em esgotamento, se ainda há milhões de brasileiros carentes de serviços de saneamento, transportes, educação, saúde? Como negar as possibilidades deste mercado, se toda nossa infraestrutura está em reconstrução e a demanda por energia, por exemplo, só aumenta?
Incrédulos, nostálgicos ou oportunistas, é certo que negarão à exaustão o fato de que estão em construção as bases de uma política econômica sintonizada com os objetivos de um governo que entende o crescimento como sinônimo de uma vida melhor para todos.
Está em construção um novo Brasil, mais justo e com chances reais de dar um salto qualitativo sem precedentes, ocupando o lugar que lhe cabe no mundo.
José Dirceu
Advogado, ex-ministro da Casa Civil e membro do Diretório Nacional do PT.