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Consumidores se expõem aos riscos da comida de praia na orla de Salvador

Há de tudo um pouco, nas praias de Salvador
Você tem fome de quê? A pergunta remete a um grande sucesso da banda Titãs e também à atitude dos soteropolitanos que invadem as praias de Salvador aos domingos,  para, à beira mar, degustarem de tudo um pouco do muito que é oferecido ao público praieiro.
Na Ribeira, por exemplo, entre a faixa de areia e o passeio, os vendedores de plantão não perdem tempo na busca dos famintos que fecham os olhos para os riscos da comida produzida sem critérios de higiene, longe da fiscalização por parte do poder público, sendo, consequentemente, uma ameaça à saúde pública.
O tempo nublado do meio da tarde não afastou os banhistas tampouco diminuiu o apetite da galera. Aglomerada entre vendedores de acarajé, cachorro-quente, peixe-frito, queijo coalho na brasa e outros petiscos, uma multidão se alimentava em pé, ou sentada, entre o meio-fio e o fio divisor imaginário do perigo que ronda o estômago quando comer à beira mar deixa de ser um ato de lazer para se tornar uma ameaça concreta ao bem estar.
“Não está certo as crianças comerem isto”, disse o pedreiro Gelson Santos ao repórter, enquanto comprava porções de batatas fritas para as duas filhas e um sobrinho.
“É uma alternativa para a gente amenizar a fome. Não é porque a gente está querendo que comam isto, mas é também uma forma de distrair as crianças. Eu não acho bom não, mas, por falta de opção, temos que recorrer ao que encontramos aqui. Por mim mesmo, eu traria o alimento de casa. É mais seguro”, afirma.
Um clima de confusão organizada, se é que isto é possível, toma conta da faixa litorânea da Ribeira. Além das situações de improviso, no preparo dos alimentos ao ar livre, até criança participa da produção e venda dos produtos. 
Enquanto Maria da Conceição tempera o peixe, sua filha, a pequena Amanda, de 12 anos, prepara o fogo com carvão e gravetos. 
“A gente tem que trabalhar. Roubar é que eu não vou”, disse a mãe. Um pouco mais adiante Vera Lúcia de Jesus vende mais um churrasco no espeto para uma jovem que tenta matar a fome com cerveja em lata e a pequena porção de carne de origem duvidosa.

Este quadro, entretanto, ganha uma proporção bem maior se considerarmos o tamanho da orla marítima de Salvador, desprovida de barracas e repleta de pontos de alimentação improvisados. 
“Uma amiga minha teve uma infecção intestinal por causa de um pastel que comeu na praia. Ela quase morre. Felizmente comigo nunca aconteceu isto, mas ficar com fome também tá por fora”, comentou a estudante do 2º grau Letícia Mascarenhas, no momento em que solicitava um cachorro-quente ao vendedor ambulante da praia do Cantagalo.

Da Ribeira a Itapuã, sem barracas e critérios de higiene, consumidores pagam por alimentos que variam de preço conforme a aparência e quantidade. Contudo, poucos são os que se mostram atentos à qualidade do que é oferecido, sobretudo quando o dinheiro é pouco e a fome aperta. 
“Diante da situação precária das praias da cidade, o ideal é fazer como eu, que só vem para o banho de mar com a família trazendo o isopor com bebidas e sanduíches feitos em casa. O almoço fica para o retorno. A saúde da gente está em primeiro lugar”, disse o professor Alberto Freitas.

Segundo ele, sua atitude é a mais sensata. “Se todos agissem assim, mesmo sem barracas, não haveria a proliferação de vendedores ambulantes e tantos alimentos perigosos no caminho da praia”, ressalta.(TB)

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