Jogadores brasileiros em oito países denunciaram maus-tratos
Os esforços do governo para coibir a exploração de brasileiros no exterior também têm como público-alvo um grupo profissional que já atua internacionalmente há várias décadas: os jogadores de futebol.
Segundo o Itamaraty, nos últimos três anos, ao menos 50 jogadores brasileiros procuraram representações diplomáticas do país em busca de ajuda. Eles relataram, na maioria dos casos, descumprimento de contrato pelos patrões, más condições de trabalho e dificuldades para voltar ao Brasil.
“É possível que tenhamos até 300 atletas nessas condições”, calcula Luiza Lopes da Silva, diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior.
O Itamaraty já registrou queixas de jogadores brasileiros na Armênia, China, Coreia do Sul, Grécia, Índia, Indonésia, Irã e Tailândia. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol, há cerca de 6 mil brasileiros em times estrangeiros.
Na Cartilha de Orientações para o Trabalho no Exterior, o Itamaraty diz que boa parte dos jogadores explorados são vítimas de “agentes inescrupulosos, intermediários de propostas tentadoras que escondem armadilhas”.
O texto afirma que os agentes costumam dar prazos curtos para a decisão do jogador, para evitar que ele se informe melhor. Há casos em que, uma vez no exterior, o atleta encontra condições de vida e de trabalho ruins, é tratado com brutalidade pelos treinadores e tem o contrato de trabalho desrespeitado.
“Com frequência, o jogador é submetido a uma carga de treino excessiva, instalado em alojamento precário e vê seu salário ser descontado diariamente – sem que isso tenha sido explicitamente acordado – com alimentação, acessórios esportivos e outros itens”, diz a cartilha.
Em outros casos, os jogadores são rejeitados pelo clube e abandonados sem passagem de volta nem assistência.
Profissionais vulneráveis
Além de mirar modelos e jogadores de futebol brasileiros, a cartilha do Itamaraty também alerta sobre riscos no exterior para churrasqueiros e professores de danças brasileiras.
Segundo o texto, a proliferação de churrascarias e restaurantes de comidas típicas brasileiras vem criando um mercado internacional para profissionais do ramo. A contratação costuma ser feita por empresários que viajam ao Brasil para conhecer restaurantes brasileiros e identificar futuros empregados.
Como em muitos países, o setor opera com certo grau de informalidade, diz o Itamaraty, muitos profissionais acabam em situação vulnerável.
Professores de capoeira e de danças brasileiras também enfrentam condições semelhantes. Muitos ingressam no país estrangeiro na condição de turistas e, ao trabalhar informalmente, sujeitam-se a penalidades que podem incluir multa, prisão e deportação.
(IG)