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Número de aves mortas na Ilha de Itaparica não para de crescer: Outras 19 aves foram encontradas

Por Lucas Gaspari
Ainda não se sabe o que está provocando as mortes destas avesNa manhã desta quinta-feira (14), a equipe da PRÓ-MAR fez novo percurso em praias da Ilha de Itaparica, em busca das aves da espécie pardela-de-sobre-branco (Puffinus gravis), pertencentes à família dos petréis. No trajeto, foram encontrados outros 19 pássaros mortos.  A causa ainda é desconhecida e o número de mortes não para de crescer na região. Agora já são 53 registros.
“Ontem encontramos 32 pássaros mortos no percurso que ia da praia da Gamboa à Penha. Hoje resolvemos mudar a rota. Fomos da praia do Duro ao Jaburu e lá nos deparamos com mais 19 aves mortas da mesma espécie. Amanhã vamos repetir a primeira rota”, alertou o mergulhador científico da PRÓ-MAR, José Carlos, após retornar do monitoramento na Ilha de Itaparica.
Segundo a diretora da PRÓ-MAR, Mariana Ferreira, muitas pessoas estão entrando em contato com a ONG para relatar locais com incidência dos petréis. “Hoje recebemos várias ligações. Em uma delas, uma senhora afirmou ter visto dezenas destas aves mortas na localidade de Barra Grande, só que nós não tivemos como ir até o local”, relatou a ambientalista.
A notícia boa é que as três aves que estavam até então na sede da Organização Socioambientalista PRÓ-MAR foram entregues ao Centro de Triagem de Aves Silvestres (CETAS), entidade que é apoiada e supervisionada pelo Ibama.
Entenda o caso
34 aves da espécie pardela-de-sobre-branco (Puffinus gravis), pertencentes à família dos petréis, apareceram mortas em praia de Mar Grande, na Ilha de Itaparica. Outras três foram resgatadas pela Organização Socioambientalista PRÓ-MAR e estão recebendo os cuidados desde a última segunda-feira (11). Os animais estavam muito debilitados e foram socorridos pela ONG, conforme orientações do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS). Eles ainda se encontram na sede da PRÓ-MAR aguardando remoção pelas entidades responsáveis.
De acordo com o vice-presidente da PRÓ-MAR, James Campbell, os animais foram encontrados por pescadores locais, que indicaram a localização destes para a equipe da ONG. “Nós resgatamos as aves e estamos fazendo o possível para recuperá-los. Só que não possuímos veterinários na nossa equipe. Já entramos em contato com os órgãos responsáveis, mas nenhum pode vir buscar os animais. Estamos tendo muita dificuldade para encaminhá-los”, explicou.
“Da Ilhota até a Penha você se assusta com a quantidade de aves mortas. Contabilizamos 34, mas, com certeza, este número é infinitamente superior, pois várias já devem ter sido levadas pelo mar”, alarmou o mergulhador científico da PRÓ-MAR, José Carlos, que fez os registros fotográficos e coletou os animais para enterrá-los.
Segundo o biólogo Dimas Gianuca, do Projeto Albatroz, essas aves se reproduzem em ilhas remotas do Atlântico Sul durante a primavera e o verão, para depois realizar uma migração para o Atlântico Norte no outono, tendo a região Nordeste do Brasil como via de acesso. “A aparição destes pássaros é resultado do movimento migratório que ocorre no outono. De abril a junho essas aves devem aparecer com mais frequência e maior abundância no alto mar do Nordeste do País”, explicou, trazendo a informação de que eles somente pisam em terra para reproduzir, pois quando não estão voando, estão pousam sobre a água, inclusive para dormir
Ainda conforme o biólogo, o petrel pardela-de-sobre-branco é uma das espécies que mais interagem com as pescarias e, por conta disso, acabam se expondo a incidentes. “Eles se agregam em volta das embarcações, buscando descartes de pesca e iscas dos anzóis para se alimentar. Nessa atividade, às vezes acabam se prendendo a redes e se afogando ou se machucando com o próprio anzol. Portanto, esses animais mortos e debilitados podem simplesmente não terem resistido à migração ou podem estar sendo impactados por alguma arte de pesca na região”, comentou Gianuca.
A PRÓ-MAR já entrou em contato com a Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (COPPA), Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), Zoológico de Salvador, mas nenhuma destas entidades possuíam veículo disponível para a busca.”Não sabemos mais como proceder. Se eles continuarem aqui, provavelmente irão morrer como os outros”, lamentou James Campbell.(PRÓ MAR)

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