Política

Sandro Filho concede entrevista ao site Visão Cidade

Após um pronunciamento no plenário, o vereador Sandro Filho concedeu uma entrevista ao portal Visão Cidade para esclarecer suas declarações sobre a Guarda Municipal, a situação da saúde estadual e municipal, seu relacionamento com diferentes grupos políticos na Câmara de Vereadores e como pretende atuar em seu mandato para a população de Salvador.

Fiscalização e atuação parlamentar
Visão Cidade: “Eu estou no lugar da fiscalização.” Como o senhor enxerga essa responsabilidade e o que a população pode esperar a partir desse trabalho?

Sandro Filho: A Câmara, em sua maioria, faz parte da base da prefeitura. Então, quando um vereador cobra o prefeito, isso causa certo estranhamento e gera contrapontos. Mas não há o que justificar: fiscalizar o município é uma função essencial do Poder Legislativo, não apenas em Salvador, mas em todo o Brasil.

Minha fiscalização agora está mais intensa, especialmente após a morte de uma senhora que me marcou profundamente. Não estou aqui para fazer discurso político por conveniência – aliás, seria um erro estratégico me opor tanto à base do prefeito quanto à esquerda, com quem já tenho um distanciamento. Mas há situações em que a política deve dar lugar à responsabilidade.

Estou investigando esse caso, em contato com os advogados da família, e se houver irregularidades, irei até o Ministério Público. A prefeitura precisa agir. Além disso, vou ampliar essa fiscalização para outras UPAs da cidade, garantindo que a população tenha um atendimento digno. Se as unidades não estiverem prestando um serviço adequado, estarei pessoalmente acompanhando e cobrando providências.

Crise na saúde e regulação estadual
Visão Cidade: Estamos observando um grande déficit assistencial na saúde. Como seu mandato pode atuar para reverter essa situação? E sobre a regulação no estado da Bahia, que tem sido alvo de críticas devido à precariedade no atendimento?

Sandro Filho: O problema da regulação na Bahia é grave. Trata-se de um sistema falho, conhecido como “fila da morte”. Se um parente do governador precisasse dessa regulação, certamente não estaria nessa situação. Mas como a elite política não depende do SUS, o povo fica abandonado.

O governo do estado precisa ser cobrado. A regulação ineficiente não é apenas um problema administrativo, mas uma estratégia política: dificultar o acesso à saúde faz com que, em períodos eleitorais, a liberação de vagas gere um efeito eleitoreiro, fortalecendo o partido no poder. Isso acontece nos pequenos municípios e precisa acabar. Meu papel será expor essa realidade, pressionar o governo e conscientizar a população sobre a importância de mudanças estruturais.

Já no âmbito municipal, a prefeitura precisa fiscalizar o funcionamento das UPAs. O problema, muitas vezes, não está apenas na gestão central, mas no atendimento das unidades. Os médicos precisam ser monitorados: saber a que horas chegam, quando saem e como atendem a população. O município tem essa responsabilidade.

Fiscalização das UPAs municipais
Visão Cidade: Se o senhor encontrar irregularidades em uma UPA gerida pelo município, qual será sua abordagem?

Sandro Filho: Existem três caminhos: primeiro, um diálogo direto com o prefeito; segundo, questionar a Secretaria Municipal de Saúde para entender se a irregularidade já está no radar da gestão; e terceiro, caso nada seja resolvido, uma denúncia formal ao Ministério Público. Se for necessário, tomarei todas essas medidas para garantir que a população não seja prejudicada.

Segurança pública e fortalecimento da Guarda Municipal
Visão Cidade: O senhor preside a Comissão de Segurança. Quais são suas expectativas e planos para a Guarda Municipal?

Sandro Filho: Tenho um ótimo relacionamento com a Guarda Municipal e discordo de quem afirma que ela não está preparada. Pelo contrário, a instituição tem estrutura para atuar no combate à criminalidade urbana. Ela não resolverá todos os problemas de violência, mas pode reduzir significativamente crimes como furtos e roubos.

Estou trabalhando para implementar uma operação conjunta com a Guarda Municipal para coibir roubos de veículos em Salvador. Não podemos permitir que trabalhadores percam seus bens duramente conquistados para a criminalidade. Estarei pessoalmente acompanhando essas operações para garantir que sejam eficazes.

Defasagem no efetivo da Guarda Municipal
Visão Cidade: Salvador tem efetivo suficiente para essas operações?

Sandro Filho: Não. Hoje, contamos com apenas 1.400 guardas municipais, um número muito abaixo do necessário para uma cidade com 2,5 milhões de habitantes. Existe um cálculo que determina a quantidade mínima de agentes por habitante, e Salvador está bem abaixo desse índice.

O prefeito Bruno Reis precisa abrir um novo concurso para ampliar esse efetivo. Claro, contratar guardas não é apenas um ato administrativo – envolve investimentos em coletes, armamentos, viaturas e treinamentos. No entanto, mesmo com o orçamento apertado, acredito que a gestão municipal tem capacidade para fazer esse planejamento e garantir mais segurança para Salvador.

Meio ambiente e desmatamento na Estrada do Derba
Visão Cidade: O senhor mencionou no plenário o desmatamento na Estrada do Derba. Poderia comentar sobre isso?

Sandro Filho: A esquerda frequentemente critica a prefeitura por desmatamento e venda de terrenos, mas se omite quando o governo do estado faz o mesmo. Isso precisa ser questionado.

Tenho registros fotográficos e em vídeo que mostram como a área verde da Estrada do Derba foi completamente devastada pelo governo estadual. O que antes era mata, agora é terra arrasada sob a justificativa de uma obra. Então, fica a pergunta: onde está a indignação da esquerda? Por que não cobram o governador?

Estou atento ao Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e irei cobrar uma análise detalhada da prefeitura para garantir que as decisões ambientais sejam responsáveis. Mas é preciso coerência – se vamos fiscalizar a gestão municipal, devemos cobrar o mesmo do governo estadual.

Visão Cidade

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