Salvador 476 anos: Movimento Boca de Brasa celebra aniversário da capital baiana com intensa programação
Na 8ª edição em 2025, o Movimento Boca de Brasa vai celebrar o aniversário de 479 anos de Salvador evidenciando a potência das periferias nos próximos dias 27 a 29. O Quarteirão das Artes, na interseção entre a Praça Castro Alves e a Barroquinha, no Centro Histórico, será cenário para uma programação totalmente gratuita de espetáculos, shows, podcasts, exposição, feira de economia criativa e Ocupação Sound System.
As atividades vão ocupar o Teatro Gregório de Mattos (TGM), o Espaço Cultural da Barroquinha, o Pátio Iyá Nassô, o Café Nilda Spencer e a Ladeira da Barroquinha, com apresentações de iniciativas culturais e criativas participantes das Escolas Criativas Boca de Brasa e de agentes culturais convidados. Mais de 100 artistas estarão nos palcos.
O evento, realizado desde 2015, é o ponto alto anual das ações do programa Boca de Brasa, realizado pela Prefeitura de Salvador através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), que visa à descentralização da criação, da produção, da difusão, do fomento e da qualificação das manifestações artístico-culturais da cidade. Criado em 1986, o Boca de Brasa tem sido ferramenta prioritária de políticas públicas culturais desde 2013, tomando importante dianteira de modos de promoção e desenvolvimento estruturante da economia da cultura em toda a cidade.
O prefeito Bruno Reis destaca que o Boca de Brasa é mais do que um programa cultural, é um movimento que reafirma a potência das artes e das culturas das periferias da cidade. Para o gestor, a criatividade do povo de Salvador pulsa nos bairros, nos palcos e nas ruas, e esse programa tem sido fundamental para dar visibilidade e oportunidade a tantos talentos.
“A gestão municipal tem investido como nunca para fortalecer essa iniciativa, porque acreditamos no poder transformador da cultura. O Movimento Boca de Brasa, que acontece no período do aniversário da cidade, é a grande vitrine desse trabalho. Ele mostra os frutos de todo esse investimento e coloca no centro do palco a diversidade artística que faz de Salvador um dos maiores celeiros culturais do Brasil. Esse é um compromisso nosso: seguir ampliando os espaços para que os artistas das comunidades ocupem seus lugares de direito na cena cultural”, ressalta.
Espaços – Foi nesta esteira que, em 2018, a Prefeitura de Salvador construiu o primeiro Espaço Cultural Boca de Brasa, dentro do Subúrbio 360, no bairro de Coutos. Até 2020, mais três unidades foram entregues: Cajazeiras, Centro e Valéria. Já em 2023, através do Edital Polos Criativos Boca de Brasa Ano I, associações da sociedade civil foram contratadas para desenvolvimento de programas técnico-pedagógicos consagrados como Escolas Criativas Boca de Brasa nestes territórios, além de na Cidade Baixa, em parceria com o Centro Cultural Sesi Casa Branca, oferecendo formação em artes e cultura para centenas de pessoas certificadas.
Em 2024, além de replicar as Escolas Criativas Boca de Brasa nos territórios da Federação e de Itapuã – no Centro Comunitário Mãe Carmen do Gantois e na sede do Bloco Afro Malê Debalê, respectivamente –, foi lançado o Programa Boca de Brasa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas. Agentes participantes destas ações do ano passado têm protagonismo no Movimento Boca de Brasa.
“Temos buscado cada vez mais investir no fortalecimento da cultura em todos os cantos da cidade, identificando esses talentos, e dando as ferramentas para que eles possam se aprimorar. Na periferia existem vida, cultura, arte e muita paixão por nossa cidade e, por isso, o Boca de Brasa é um case de extremo sucesso na nossa gestão”, afirma a vice-prefeita e titular da Secult, Ana Paula Matos.
“O poder público só existe quando representa a voz da comunidade e quando a voz da comunidade também é a mesma do poder público. É uma via de mão dupla. Nossa contribuição é ter a capacidade de perceber o lugar de fala de cada um, dos jovens, idosos, mulheres, e ajudar a potencializar os talentos do nosso povo”, completa a gestora.
Presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro anuncia que, em 2025, as Escolas Criativas Boca de Brasa, além de manter atividades nos bairros já conquistados, irão também avançar para outras regiões da cidade, como Ribeira, Liberdade e Pau da Lima. As inscrições para interessados serão abertas em breve.
“O Boca de Brasa foi criado para ampliar o alcance das políticas culturais de Salvador, indo além do centro e valorizando a diversidade da cidade. O projeto busca oferecer suporte, visibilidade e inclusão a diferentes linguagens, ideias e territórios, reconhecendo os modos únicos de criação e expressão presentes em Salvador. Assim, promove uma política cultural mais dinâmica, acessível e representativa”, conclui Guerreiro.
Abertura – No dia 27, às 17h, o espetáculo de abertura do Movimento Boca de Brasa será um grande acontecimento de cores, luzes e sons: mais de 60 artistas vão criar um mosaico cênico por toda a área do Quarteirão das Artes, do TGM às escadarias da Barroquinha. Com direção de Elivan Nascimento e Jorge Alencar e direção musical de Luciano Salvador Bahia, a encenação une teatro, dança, moda, slam, literatura e música com toda a potência da periferia, também fazendo uma homenagem à cidade de Salvador, aniversariante, principalmente à sua musicalidade e movimentos corporais.
Além de artistas vinculados ao Boca de Brasa – como a Cia de Teatro JÁÉ, NegaFyah, Periferia do Futuro e Vittor Adél –, o elenco inclui nomes como Thiago Almasy e Paulo Arth, e também uma orquestra feminina de timbaus coordenada pela percussionista Ratinha e um corpo de baile com artistas de Cajazeiras e do Subúrbio. Na ocasião, também será entregue o selo “Eu Sou Boca de Brasa” a 35 iniciativas concluintes dos programas de incubação e aceleração das Escolas Criativas Boca de Brasa 2024.
A noite segue no Pátio Iyá Nassô, área ao ar livre do Espaço Cultural da Barroquinha. Às 19h, a “Vitrine Boca de Brasa” apresenta pocket show do rapper, cantor e multiartista ODILLON, que vem tendo sua carreira impulsionada pelo Boca de Brasa desde 2023. Depois, a pagodeira, compositora e bailarina Aila Menezes faz o seu “Baile de Todas as Cores”, um show que também é movimento em defesa da diversidade e contra preconceitos, onde todas as tribos se encontram e o pagodão entoa letras reflexivas.
Segundo dia – No dia 28, a manhã será reservada para uma ação especial: o Rolé Boca de Brasa, que vai levar um grupo de convidados – gestores públicos, curadores de espaços e eventos culturais, artistas e imprensa – para conhecer os polos Boca de Brasa de Valéria, Cajazeiras e Subúrbio, suas estruturas e capacidades. Em cada local, a comitiva será recebida por artistas e coletivos participantes do Boca de Brasa, que fazem pequenas performances: o Célula Hip Hop, o grupo Juventude Ativista de Cajazeiras (Jaca), a atriz Déa Rodrigues e o Samba de Roda de Tubarão.
À tarde, o Espaço Cultural da Barroquinha será cenário para a gravação do podcast Potências da Periferia. Serão dois episódios apresentados pela jornalista Luana Assiz, abertos para o público e com transmissão ao vivo pelo YouTube. O primeiro episódio, “O Poder dos Coletivos Artísticos nas Periferias”, começa às 15h, para compartilhar experiências de iniciativas que transformam comunidades e cenas culturais, reunindo representantes do Nós do Morro, organização social atuante no Morro do Vidigal, no Rio de Janeiro; do Ministereo Público, o primeiro sound system da Bahia; e da Cia de Teatro JÁÉ, grupo artístico e de ensino gratuito do bairro de Valéria.
Depois, às 17h, o debate será sobre “Empreendedorismo do Futuro”, com convidados que desenvolvem estratégias exemplares de sustentabilidade baseadas em perspectivas de inclusão, desenvolvimento social coletivo e distribuição de conhecimentos e riquezas. Estão confirmadas presenças de representantes da Escola Maria Felipa, escola afro-brasileira de Salvador comprometida com uma pedagogia inclusiva, e do Museu de Arte de Simões Filho (Masf), um museu a céu aberto que reage à falta de espaços culturais no município.
Às 19h, o TGM será palco do “Humor É Coisa de Mulher”. Apresentada por Val Benvindo, jornalista, influenciadora e criadora do “Festival Humor Negro”, a mostra vai apresentar a comediante Aline França junto com o Clube DazMinina, pioneiro na comédia stand-up nordestina, formado por Ana Carolana, Brida Aragão, Naiara Bispo e Renata Laurentino e participante do Programa de Aceleração do Boca de Brasa em 2024.
A noite novamente continua no Pátio Iyá Nassô, com mais uma edição do “Vitrine Boca de Brasa”, às 20h30. Desta vez, a cantautora, instrumentista e atriz Andrezza mostra seus vocais e interpretação poderosos com sua música que une brasilidades e baianidades ao rock’n’roll. A sexta-feira se encerra com Hiran, uma das grandes identidades do rap da Bahia, no show “Hiran canta Brown”, em que interpreta canções de Carlinhos Brown. O artista recebe as cantoras Majur e Nininha Problemática como convidadas.
Aniversário da cidade – No aniversário de Salvador, dia 29, o Movimento Boca de Brasa é tomado pela “Ocupação Sound System – Conexões Afro-latinas” na Barroquinha. Realizado através da parceria do grupo de sound system Ministereo Público com a Giro Conecta, plataforma que busca conectar os países do Atlântico Sul através das artes, o projeto é uma imersão nesta cultura sonora e visual, numa conexão Salvador-Jamaica. Das 14h às 16h, uma oficina de grafite será conduzida por Core. A partir das 17h, o paredão de caixas de som é acionado.
Formado por DJ Raiz, DJ Pureza e o dubmaster Regivan Santa Barbara, o Ministereo Público foi pioneiro nesta atividade em terras baianas, criado em Salvador em 2005, comemorando então 20 anos de história. Eles recebem uma atração internacional: o cantor e compositor Jesse Royal, destaque da nova geração do reggae jamaicano.
Durante a programação dos três dias, estarão abertas a feira de economia criativa, com barracas de gastronomia e de diversos produtos espalhadas pela Rua do Couro e Café Nilda Spencer, além da ativação das lojas da própria região, e a exposição “Boca de Brasa em Movimento”, no Foyer do Teatro Gregório de Mattos, que constrói um mapa geográfico e histórico pelos movimentos do Boca de Brasa e de iniciativas beneficiadas. Visitas mediadas, inclusive com recursos de acessibilidade, também estão agendadas.
SECOM