Lembranças de um ‘passado recente’
Algumas recordações nos remetem ao estilo de vida dos anos 80 e décadas anteriores, tempos que, apesar das dificuldades e adversidades, nos fazem pensar em como a vida tinha sua simplicidade e encanto. Estudávamos em escolas públicas, enquanto as escolas particulares eram conhecidas pelo famoso ditado: “pagou, passou”. O transporte era mais complicado, mas, ainda assim, sempre cumpríamos nossos compromissos e horários. O atendimento médico era garantido pelo INPS, e, por mais que houvesse limitações, os serviços funcionavam.
As brincadeiras infantis eram pura diversão e criatividade: pular corda, esconde-esconde, “31 de janeiro”, garrafão e até tocar a campainha do vizinho e sair correndo. Havia regras para tudo, inclusive para a hora de dormir, muitas vezes acompanhadas da clássica frase: “Se não estiver com sono, deite que o sono chega”. Éramos felizes, muito felizes! Brigávamos pela manhã, mas à tarde já estávamos juntos novamente, porque a amizade era verdadeira. Até mesmo no futebol de rua, conhecido como baba, as regras eram seguidas à risca por todos, sempre com muito respeito, o que fazia tudo funcionar.
As Regras do Baba de Antigamente
Navegando pelas redes sociais, encontramos um resgate nostálgico das regras básicas das peladas de futebol daquela época:
Os dois melhores jogadores não podiam estar no mesmo time. Para decidir, faziam par ou ímpar.
Ser escolhido por último era uma grande humilhação.
Um time jogava com camisa, o outro sem.
O pior jogador de cada time geralmente ia para o gol, a menos que alguém gostasse de ser goleiro.
Se ninguém quisesse ser goleiro, adotava-se um rodízio: cada um defendia até sofrer um gol.
Em caso de pênalti, saía o goleiro ruim e entrava um bom só para a cobrança.
Os jogadores mais fracos ficavam na zaga.
O dono da bola sempre jogava no time do melhor jogador.
Não havia juiz.
As faltas eram marcadas no grito. Se alguém fosse atingido, exagerava na encenação para garantir a infração.
Se a bola saísse pela lateral, gritava-se “é nossa!” e pegava-se a bola rapidamente para cobrar.
Ferimentos como arranhões, joelhos ralados e até sangramentos eram normais. O remédio? Merthiolate — ardia como o inferno!
Quem chutava a bola para longe era responsável por buscá-la.
Lances polêmicos eram resolvidos no grito ou, se necessário, na base da discussão (ou até pancada).
O jogo terminava quando todos estavam cansados, quando anoitecia, ou quando a mãe do dono da bola o chamava para casa.
Mesmo que estivesse 15×0, a partida terminava com o famoso “quem faz, ganha”.
Os confrontos entre ruas valiam uma garrafa de Coca-Cola.
Nem mesmo a chuva forte impedia o futebol.
Quando passava um carro ou uma mulher grávida, o jogo era interrompido ao grito de “paroooou!”.
Não existia Adidas ou Nike. O calçado oficial era Kichute, ou jogava-se descalço. Os goleiros improvisavam luvas com chinelos Havaianas.
Os Tempos Mudaram
Se essas lembranças fizeram parte da sua infância, parabéns! Você foi uma criança normal e viveu momentos inesquecíveis.
O tempo passou, as brincadeiras mudaram e os amigos se distanciaram. Hoje, muitos mantêm contato apenas pelas redes sociais, sem nunca terem se visto pessoalmente. A tecnologia transformou os costumes e substituiu as longas conversas de fim de tarde pelos chats virtuais. O lazer das crianças também mudou, e é cada vez mais raro ver famílias reunidas ao redor da mesa para o tradicional almoço de domingo.
Os compromissos e a correria do dia a dia afastaram as pessoas, mas ainda há tempo de resgatar o que realmente importa: o amor ao próximo. Precisamos ensinar às novas gerações o valor do respeito, da amizade e do bom comportamento. Afinal, são esses valores que moldam um mundo melhor.
Velhos tempos que não voltam mais… Mas que deixaram marcas eternas em quem os viveu.
Visão Cidade