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Acabou o Carnaval, agora é hora de encarar a realidade

Após a folia oficial em várias comunidades e cidades pelo Brasil, em alguns estados, a festa se estende por até 30 dias. São semanas de alegria, música e celebração. No entanto, quando chega a Quarta-feira de Cinzas, vem também um momento de reflexão. Para muitos, o Carnaval é uma oportunidade de extravasar a felicidade, de se entregar completamente à festa. Mas, quando tudo acaba, surge a saudade e a necessidade de voltar à rotina.

Alguns dizem que o ano só começa depois do Carnaval. Para outros, a festa jamais deveria terminar, pois representa uma válvula de escape para um povo que, apesar das dificuldades, encontra na alegria uma forma de resistência. No Nordeste, por exemplo, há diversas festividades que mantêm o espírito de celebração vivo por dias, semanas e até meses. Essa necessidade de festa não é apenas entretenimento, mas um reflexo da identidade de um povo que busca na cultura e na tradição uma maneira de aliviar as adversidades do dia a dia.

Ao analisar esse cenário, fica evidente que o povo brasileiro, mesmo diante de tantas dificuldades – falta de estrutura, educação precária, transporte deficiente, saneamento básico inexistente e insegurança alimentar –, mantém uma capacidade impressionante de ser feliz. O desejo por mais festas, seja o Carnaval, o São João ou as celebrações de fim de ano, revela muito mais do que simples gosto pela diversão. É a expressão de um povo que, apesar das carências, encontra na alegria um refúgio e na coletividade um alívio.

No entanto, essa euforia temporária não pode mascarar a realidade. A principal estrutura que deveria garantir dignidade e qualidade de vida – a saúde pública – sofre com a ineficiência e a falta de compromisso dos gestores. O Sistema Único de Saúde (SUS), que poderia ser um dos melhores do mundo, é prejudicado pela má administração e pela criação de mecanismos falidos que não atendem às reais necessidades da população. Em muitos municípios e estados, o descaso com a saúde é evidente, comprometendo o bem-estar de milhões de brasileiros.

O Carnaval dura apenas alguns dias, mas a vida segue. E o que realmente deveria ser prioridade – o cuidado com as pessoas, o acesso a serviços básicos, a atenção ao próximo – não pode ser esquecido quando os blocos se dispersam e os trios elétricos silenciam. A verdadeira felicidade não está apenas na festa, mas na garantia de uma vida digna para todos.

Visão Cidade

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