A política do eu, eu, depois eu… e talvez tu
A política, de fato, é uma arte. O que se vê nos interiores dos estados durante os períodos de pré-campanha e campanha eleitoral é algo que beira o surreal. Promessas mirabolantes são feitas, com discursos inflamados de total compromisso com o povo. No entanto, a população já sabe que, na maioria dos casos, tudo não passa de palavras vazias.
Um fenômeno que chama atenção é o comportamento de certos candidatos a vereador. Durante a disputa, muitos se colocam como ferrenhos opositores da gestão vigente, enquanto outros se mantêm como fiéis escudeiros do poder. Mas, passado o período eleitoral, o que se percebe é que a oposição e a situação, que antes pareciam lados opostos de uma batalha, na verdade, fazem parte do mesmo jogo. Para a população, tudo não passa de um grande teatro, um espetáculo que se repete eleição após eleição.
A prova concreta disso está na insatisfação generalizada após o pleito. Independentemente de quem vence, as queixas são sempre as mesmas: falta de emprego, abandono da população, um sistema de saúde precário e uma educação sem avanços. E o que acontece com aqueles que, durante a campanha, prometeram lutar pelo povo? Muitos acabam ao lado da gestão que antes criticavam, esquecendo-se de quem realmente os colocou no poder.
A frustração do eleitorado é evidente. Eleitores que dedicaram tempo e esforço a candidatos — sejam eles vencedores ou não — hoje sequer recebem uma simples mensagem de agradecimento. Essa realidade reforça a necessidade de que o eleitor passe a avaliar melhor seus votos. O que se vê, eleição após eleição, é a confirmação de que muitos que se diziam oposição, quando lhes convém, se tornam aliados do poder, deixando para trás suas antigas bandeiras.
Em muitos municípios, os primeiros meses de uma nova gestão são marcados por demissões em massa, admissões por contratos temporários e processos seletivos duvidosos, que, segundo relatos, funcionam mais como indicações políticas do que como um verdadeiro critério de mérito. Como bem diz o senhor Wilson, morador de uma dessas cidades, “tudo se resume a um grande jogo de interesses.”
Além disso, é comum encontrar pessoas que, durante a campanha, estiveram na oposição, mas, logo após a vitória do novo governo, assumem cargos estratégicos na administração pública — seja na educação, na saúde ou em qualquer outro setor. Esse tipo de comportamento reforça a sensação de que, para muitos políticos, ideologia e compromisso com o povo são apenas peças descartáveis no tabuleiro do poder.
Diante desse cenário, a mudança só acontecerá quando a população buscar sua verdadeira identidade política. A arte da política não pode ser um conto de fadas, onde promessas vazias se repetem a cada quatro anos. Pelo contrário, deve ser um instrumento de equilíbrio e transformação, um meio para garantir o bem-estar coletivo. Para isso, é fundamental que o eleitor tenha consciência do seu papel e cobre coerência de seus representantes, pois é o povo quem os coloca no poder.
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