A desvalorização do campeonato baiano por dirigentes e treinadores
O futebol, para o torcedor, é uma paixão inigualável. Quando o time do coração vence, a alegria transborda, o entusiasmo é contagiante e o orgulho se reflete no sorriso e no gesto de vestir a camisa do clube. Por outro lado, uma derrota ou um empate gera uma reação oposta: críticas intensas, insatisfação evidente e, muitas vezes, uma cobrança ainda maior do que após uma vitória. Essa relação emocional se intensifica em clássicos locais, onde a rivalidade ultrapassa o campo e se manifesta no dia a dia, nas provocações entre torcedores e na expectativa criada desde o momento em que a tabela do campeonato é divulgada.
No entanto, nos últimos anos, tem sido cada vez mais comum ver clubes tratando com descaso as competições estaduais, como o Campeonato Baiano. Dirigentes e treinadores, sob a justificativa de priorizar torneios considerados mais importantes, escalam equipes sub-17 ou sub-20, deixando o time principal focado em competições nacionais ou internacionais. Essa prática é especialmente frequente em clubes administrados por Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), onde as decisões visam, prioritariamente, o retorno financeiro, relegando a paixão do torcedor a um segundo plano.
O caso do Bahia em 2024 ilustra bem essa situação. O clube, que desvalorizou o Campeonato Baiano ao escalar times alternativos, acabou não conquistando nenhum título relevante e ainda enfrentou o risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. O planejamento, que deveria garantir resultados consistentes, revelou-se ineficiente, com contratações questionáveis e uma gestão que parece repetir os mesmos erros ano após ano.
O torcedor vive de resultados e de conquistas que alimentam sua paixão. Para ele, campeonatos regionais e estaduais têm um valor imensurável, pois carregam a tradição, o orgulho e, principalmente, a emoção dos clássicos e das rivalidades históricas. O discurso de que algumas competições são menos importantes não convence quem está nas arquibancadas. O futebol é feito de glória, mas também de identidade — e desvalorizar torneios como o Campeonato Baiano é um erro que fere diretamente o coração de quem mais importa: o torcedor.
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