‘De mãe, pra filho(a)’: um amor futebolístico que ultrapassa gerações
“Toda mãe que gosta de futebol precisa ter a experiência de pegar sua cria, entrar no estádio e dizer: ‘mamãe ama isso aqui e você vai amar também, se não sai de casa'”. A emocionante e engraçada declaração parte de Ariane de Araújo Souza, conhecida como ‘Arizinha’, de 36 anos, que, desde 2022, passou a ter o segundo domingo do mês de maio como uma data extremamente importante em sua vida.
Fanática pelo Esquadrão de Aço, a torcedora tem o privilégio de vivenciar o estádio com sua filha, a pequena Dara Souza, de dois anos e meio. Em conversa com o Portal A TARDE, Arizinha descreveu a emoção de assistir aos jogos do Bahia, na Arena Fonte Nova, ao lado de uma companhia mais do que especial.
Em depoimento emocionante, ela explicou a estreita relação com o estádio, principalmente após um triste e marcante episódio que ocorreu em sua vida. Arizinha conta ainda que, por conta da respectiva situação, a proximidade com a Fonte Nova se intensificou ainda mais.
“O Bahia é uma relação muita intensa para mim, porque em 2017 eu sofri uma tentativa de feminicídio e, quatro dias depois, o único lugar que eu queria estar era a Fonte Nova. Todas as vezes que minha vida está se desorganizando, eu vou para lá. Não existia outro lugar que eu não gostaria que minha filha estivesse. Eu fui para a Fonte Nova até uma semana antes dela nascer”, lembrou Arizinha.
A primeira vez que fui à Fonte Nova com ela, eu apresentei o amor da minha vida para o amor da minha vida
Arizinha Souza, torcedora do Bahia
Quem também tem o privilégio de compartilhar do amor pelo clube com a mãe é o produtor de conteúdo Yuri Figueiredo, bastante conhecido pela torcida do Vitória por conta da página ECVídeos. Ao A TARDE, ele contou a importância da dona Cleyde, não somente na influência do amor pelo Leão, mas também no apoio com o canal do Youtube, que foi um dos primeiros a falar exclusivamente do Vitória na plataforma.
“Realmente é um privilégio. Nem todas as mães costumam gostar de futebol. Então para mim é algo muito especial, não somente em ir no estádio com ela, mas também dela me incentivar nos meus trabalhos em prol do Vitória. É algo singular esse momento. Colegas costumam faltar os jogos para estar no Dia das Mães, mas com a gente é ao contrário, costumamos celebrar a data no Barradão”, comentou Yuri.
Assim como dito por Arizinha, o torcedor rubro-negro brinca que também não teve muito ‘direito de escolha’ no momento de escolher o time. “Não tive nem opção de ser Bahia ou qualquer outro time. Desde criança sempre foi o Vitória, minha mãe é muito clubista. Detesta o rival até mais do que eu, então nunca teve influência para que eu torcesse para outro time. Tinha duas opções: torcer para o Vitória ou sair de casa”.
Também em entrevista ao Portal A TARDE, dona Cleyde reafirmou que a paixão de Yuri com o Vitória começou desde muito cedo. “A relação foi passada para o meu filho devido a intensidade da minha paixão pelo time. Em momento algum houve a possibilidade dele não ser rubro-negro. Yuri já nasceu amando o Vitória e a mãe dele também”.
Dois amores em um só
O amor pelo Vitória, transmitido através da mãe, fez com que Yuri transformasse suas idas no estádio em seu ofício. Com uma câmera na mão, ele registra toda a experiência, desde o momento da saída de casa, até as reações de torcedores da arquibancada durante e depois das partidas.
Mesmo estando distante, dona Cleyde Figueiredo segue apoiando o Vitória, principalmente quando vem a Salvador. Além disso, ela ainda adotou um papel fundamental, capaz de alinhar os dois principais amores de sua vida.
“O Leão tem um lugar especial reservado em minha vida. A escolha do meu filho pelo mesmo time de futebol pode ser resumida na frase: ‘dois corações, uma só paixão’. Estar ao lado do meu filho em cada jogo é um vínculo a mais, um laço a mais. Um sentimento indescritível, algo de mãe mesmo”, disse Cleyde.
Arizinha também falou sobre o quão especial é poder compartilhar os momentos no estádio com sua filha. Mesmo estando com apenas dois anos, a torcedora tricolor acredita que a Fonte Nova também será muito especial para a pequena Dara e também levantou a impotância de mais mulheres frequentarem o estádio.
“Acho que é o melhor lugar que ela tem para crescer. A Fonte Nova abraçou minha família. Eu chego na catraca para passar e as pessoas perguntam: ‘cadê meu bebê?’. Todo mundo está sempre em volta dela protegendo carregando e brincando. Às vezes quando tem alguma confusão, a primeira a ser puxada é ela. Então, acredito que seja um bom lugar para ela crescer, aprender sobre amor e respeito. Eu lutei muito com várias mulheres para ocupar esse espaço e quero que ele ocupe com ainda mais leveza do que foi para mim”, disse.
Questionada sobre a importância de transmitir esse legado adiante, Arizinha não pensou duas vezes em responder: “Levem. Porque é uma experiência fora do comum, vale muito a pena. Isso é um legado que você deixa, mas também é ocupar um espaço, principalmente se você tiver uma filha. Eu nunca pensei em ser mãe, mas assim que descobri, a primeira roupa que comprei foi um macacão do Bahia. Acho que é o direito de uma mãe estar lá. Algumas amigas minhas pararam de ir, porque têm medo, mas é o único lugar que eu não quero deixar de ir nunca. O estádio é o lugar que eu me sinto feliz, me sinto acolhida, me sinto amada”, completou.
Por fim, Yuri falou sobre o amor pelo Vitória e o quanto ele se sente completo em poder viver momentos no Estádio Manoel Barradas com sua mãe, que, além do vínculo familiar e afetivo, também se tornou sua principal incentivadora no trabalho.
“Só tenho a agradecer a minha mãe por essa paixão pelo Vitória. É um privilégio tê-la presente em minha vida, frequentando o Barradão e me incentivando. Hoje é o meu trabalho, filmar e registrar no estádio. Como minha fã número 1, ela é a pessoa que mais me conhece e, quando está em Salvador, quer ir no jogo e aparecer no vídeo. Então, só tenho a agradecer a ela por isso. O Vitória é a paixão da minha vida, minha razão de viver e também é o meu trabalho”, finalizou.
A Tarde