NotíciasOpinião

A saúde

A saúde é como uma caixa misteriosa, às vezes envolta em mistérios sombrios, outras vezes em desafios ardentes, que afligem toda uma nação

Compreender a realidade dos municípios brasileiros em relação à gestão da saúde pública é confrontar uma realidade marcada pela falta de recursos e oportunidades, além de questões como médicos mal remunerados, entre outros desafios que comprometem o funcionamento eficaz do sistema de saúde pública em todo o país. Na Bahia, essa situação não é diferente. Embora algumas cidades possuam uma gestão de saúde relativamente eficiente, muitas delas acabam sobrecarregadas devido à demanda de pacientes vindos de regiões mais remotas do estado, onde a estrutura de saúde é precária. O cenário é marcado por uma movimentação frenética de veículos, como ônibus, ambulâncias e carros particulares, transportando pacientes para Salvador em busca de tratamento para as mais simples necessidades médicas. Esta realidade, em que o transporte de pacientes se torna uma constante, evidencia a necessidade premente de uma gestão mais eficiente na área da saúde, de forma a evitar a sobrecarga das capitais e cidades adjacentes, como Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Barreiras. Infelizmente, a situação da saúde tende a deteriorar-se cada vez mais.

No último final de semana, enquanto percorria as ruas de Salvador, foi possível observar a presença de pessoas provenientes de diversas regiões do estado, como Barreiras, Canudos, Teixeira de Freitas, Vera Cruz e Itaparica, além de cidades do extremo norte, todas em busca de tratamento oftalmológico para catarata. Vale ressaltar que esta é uma cirurgia relativamente rápida, porém requer cuidados no pós-operatório. Em muitos casos, os pacientes submetem-se à cirurgia em um dia e, no dia seguinte, já estão se preparando para a segunda intervenção, devido ao custo e à logística envolvidos na viagem de retorno. Diante dessa realidade, surge a inquietante questão: para onde está indo o dinheiro destinado à saúde nos municípios? É desconcertante observar as longas filas que se formam nas unidades de saúde entre os dias 26 e 5 de cada mês, período em que as pessoas buscam agendar consultas e cirurgias de média e alta complexidade. A falta de hospitais e centros cirúrgicos adequados nessas localidades agrava ainda mais a situação, refletindo um profundo desrespeito para com a população e perpetuando uma prática que parece seguir a lógica do “quanto pior, melhor”.

Na última sexta-feira, o município de Vera Cruz foi palco de longas filas, especialmente nos postos de saúde situados nas proximidades da Câmara de Vereadores. Essas pessoas aguardavam ansiosamente por agendamentos para procedimentos básicos de saúde. Diante do conhecimento de que o município supostamente é autossuficiente na área da saúde, surge a pergunta inevitável: por que, então, essas filas persistem para demandas tão simples? Esta é uma questão que precisa ser respondida pela Secretaria de Saúde de Vera Cruz, enquanto a população sofre em meio a filas e espera por uma regulação para atendimento em casos de média e alta complexidade.

Visão Cidade

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *