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Seminário destaca os 182 anos de nascimento de Manuel Querino

Uma das personalidades mais importantes e multifacetadas da história da Bahia, o escritor, jornalista, historiador, político, desenhista, músico e pintor Manuel Querino será tema de um seminário a ser realizado no auditório do Centro de Cultura Manuel Querino da Câmara Municipal de Salvador, que irá marcar os 182 anos de nascimento do intelectual afrodescendente.

Com palestras de historiadores, professores e pesquisadores, o “Seminário Manuel Querino 182 anos de seu nascimento” acontece nesta sexta-feira (28), das 9h30 às 12h, com entrada pública gratuita.

Nascido em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, em 28 de julho de 1851, vindo a falecer em Salvador a 14 de fevereiro de 1923 (em 2023 completou um século de sua morte), Manuel Raimundo Querino foi um importante defensor de ideias abolicionistas, no final do período escravocrata no Brasil, e se tornou um pioneiro nos registros antropológicos e na valorização da cultura africana na Bahia.

Aluno fundador do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia e da Escola de Belas Artes, formou-se em Desenho Geométrico e Arquitetura e passou a lecionar no Liceu e no Colégio de Órfãos de São Joaquim. Além disso, produziu dois livros didáticos sobre desenho geométrico.

Atuação política

Atuou fortemente na política, primeiro como vereador e, depois, fundando o Partido Operário e a Liga Operária Baiana, quando travou debates no meio intelectual contra as ideias racistas e preconceituosas da ciência de então, tendo Nina Rodrigues como um dos seus antagonistas.

Em sua atuação como jornalista, fundou os jornais A Província e O Trabalho, e também contribuiu com artigos para a Gazeta da Tarde. Escreveu nas primeiras décadas do século passado obras importantes como “A Raça Africana e os seus costumes na Bahia”, “A Arte Culinária na Bahia”, “O Colono Preto como fator da Civilização Brasileira” e “A Bahia de Outrora”, dentre outras.

A sua infância foi atribulada, como a maior parte da sua vida. A epidemia de cólera de 1855, em Santo Amaro, matou seus pais. Foi confiado então aos cuidados de um tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o iniciou nas primeiras letras.

Apesar das grandes dificuldades que enfrentou, Querino se tornou um pensador extremamente produtivo, um outsider no entendimento da formação social do Brasil e sobretudo um indivíduo que acreditava na educação como ferramenta primordial de transformação social.

Atualmente, em tempos de discussão sobre inclusão social e a contribuição do negro na formação do povo brasileiro, o santamarense emerge como figura de destaque no rol dos que cumpriram papel relevante na sociedade brasileira – o entendimento de seu ostracismo nos movimentos sociais é, inclusive, uma maneira salutar e intrigante para compreensão de como têm sido encaminhadas seletivamente as discussões acerca dos vultos que representam o povo negro, temas que serão abordados durante as palestras do seminário.

Câmara Municipal de Salvador

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