Paiva elogia Bahia contra Fortaleza: ‘Feliz pelo ponto conquistado’
Técnico ressaltou força do rival em casa e elogiou sistema defensivo do Esquadrão
O técnico Renato Paiva escalou o Bahia mais defensivo contra o Fortaleza, povoando o meio de campo com três jogadores de marcação: Rezende, Acevedo e Thaciano. O Esquadrão não cedeu muitas chances ao rival, mas também criou pouco. No fim, a partida disputada na Arena Castelão terminou em empate sem gols, pela 9ª rodada da Série A.
Em entrevista ao fim do jogo, Paiva elogiou o desempenho da equipe, ressaltando a dificuldade do campo rival. Com o 0x0 deste sábado (3), o Leão do Pici chegou ao 11º duelo invicto como mandante. A última derrota do adversário em seu estádio foi no fim de março, acumulando oito vitórias e três empates.
“É um campo no Brasil, nos últimos anos, muito difícil. De uma equipe que, em especial em casa, é muito efetiva na finalização, marca muitos gols. Segundo me disseram, é a equipe da Série A que, nesta temporada, mais gols fez. E nós conseguimos hoje travar uma equipe que está extraordinariamente bem treinada por um técnico que eu gosto, admiro. Nós hoje tínhamos que ser muito inteligentes. Em especial, na abordagem defensiva. Essa foi a parte que preparamos e que saiu quase 100%. Sabemos o que é o Fortaleza quando cruza, quando centra na área. Neutralizamos isso”, afirmou.
Para o comandante, um ponto negativo foi a posse de bola do Bahia. Segundo dados do site Sofascore, o time terminou com 46% no quesito, contra 54% do Fortaleza. Mas Paiva voltou a falar da força do rival em casa e o fato do Esquadrão não sofrer gol na partida.
“O que não me agradou foi que tivemos pouco a bola. Quero que nossa equipe defenda bem, mas que tenha mais a bola. Tivemos vários momentos em que não construímos com qualidade, não transitamos para o ataque com qualidade. No geral, até tivemos oportunidades importantes de fazer o gol. Olhando para o contexto do estádio, que pesa com apoio da torcida, e a qualidade do adversário, acabamos por ganhar um ponto. O Fluminense, em um dos seus melhores momentos, sofreu quatro gols aqui. Portanto, feliz pelo ponto conquistado. Conseguimos sair sem sofrer gol, que era importante para nós. Volto a dizer, nós defendemos melhor do que se fala, o problema são os gols que sofremos nos detalhes. Hoje, não houve”.
Para enfrentar o Fortaleza, o Bahia teve dois importantes desfalques: Biel e Jacaré, que sofreram lesões musculares. Paiva não cravou quanto tempo a dupla ficará fora, mas disse que “confirmando as lesões musculares, eles não voltam no próximo jogo e nem tão depressa”.
A dupla não é a única no departamento médico. Yago Felipe, Matheus Bahia, Raul Gustavo, Marcos Victor e Chávez também estão em processo de recuperação. Contra o Leão do Pici, Vitor Hugo se machucou no primeiro tempo e pode ter aumentado a lista de problemas. Paiva falou sobre a possível chegada de reforços na próxima janela de transferências, mas destacou a importância de quem já faz parte do elenco.
“Para já e até julho, os reforços são aqueles que entram no lugar de quem se lesiona. Cicinho, que fez um jogo extraordinário. Temos que encontrar essas soluções. O treinador é um solucionador. Tenho que encontrar solução, não me queixar. Rezende teve que sair por carga, um jogador que estava atuando sucessivamente. Cauly foi poupado. Não fizemos isso com Biel e Jacaré e perdemos eles. Para mim, claramente, os reforços são Cicinho, Ryan, é quando tiver que entrar Kayky, Mugni, Vinicius Mingotti. Esses são os reforços, que trabalham com a equipe todos os dias. Em julho, penso que vão chegar jogadores, mas esse é um tema que nós ainda estamos trabalhando. Mas, agora, é pensar em quem está aqui, nos treinos”, falou.
“Vamos encontrando soluções. Hoje, fomos com Thaciano para fazer descansar o Cauly, não poderíamos perder ele hoje. O que vamos fazer é olhar. Daniel está, Mugni está, Diogo Rosa está. Ademir teve que sair também por desgaste físico. O calendário é isso. É muito pesado, são muitas competições. Tivemos um jogo pesadíssimo na quarta-feira, com desgaste físico e emocional. Temos que encontrar soluções dentro do elenco. E fico tranquilo com isso, porque trabalho todos os dias”, completou.
O Bahia agora terá uma semana livre para treinamentos. O Esquadrão só volta a jogar no próximo sábado (10), às 18h30, quando recebe o Cruzeiro na Arena Fonte Nova. Um desfalque está confirmado: Acevedo, que levou o terceiro cartão amarelo diante do Fortaleza.
Confira outros trechos da entrevista coletiva de Renato Paiva:
Evolução desde o 3×0 na Fonte Nova
A diferença é enorme. É enorme porque tivemos mais tempo para trabalhar. Naquele jogo, eu tinha um mês de pré-temporada e quatro ou cinco reforços que chegaram. Muitos chegaram depois. Muitos do time titular de hoje não jogaram contra o Fortaleza. É quase metade da equipe. E não é só o número, é a qualidade. Portanto, diminuímos a diferença em um jogo que, de fato, o Fortaleza foi melhor. Uma equipe que chegou ali com um treinador e jogadores que já estão aqui há alguns anos, com uma ideia clara. Tem quem percebe isso, tem quem não percebe. Sei que é um clássico regional e muita gente leva para o lado emocional. Eu não posso, tenho que analisar como deve ser. Naquele tempo, diziam que não iríamos ganhar nenhum jogo na Série A. É verdade que poderíamos ter vencido mais jogos, mas estamos competitivos na Série A. Isso que me interessa.
Jogo em casa
Teremos uma pausa e só jogamos no fim de semana. Voltar para a Fonte Nova, reencontrar aquele ambiente lindo do último jogo. Uma torcida que, quando quer, é muito importante. Peço que ajudem os jogadores, que nos apoiem durante o jogo. Que, se for se manifestar negativamente, que faça no intervalo, que faça no fim, que faça contra mim. Mas que proteja os jogadores.
Arbitragem atrapalhou?
Eu entendo sua pergunta, mas eu não falo de árbitros. Já disse no jogo contra o Flamengo, é uma profissão muito difícil, exigente. Tem o VAR para ajudar, mas só em algumas situações. Nas outras, aquele senhor que está a apitar precisa decidir em segundos. Vão errar algumas vezes, mas o goleiro também erra, o atacante erra. É muito difícil apitar um jogo. Nós fizemos faltas táticas, que tínhamos que fazer, nós e as outras 20 equipes do Brasileirão. Eu não gosto de parar o jogo, de gastar tempo. Fico com ódio quando um jogador meu leva cartão para queimar tempo. Não comento arbitragem, nunca comentei na minha carreira. Na base, não podemos falar porque é pedagógico. E agora também não vou falar.
Como arrumar time entre lesões?
É uma boa pergunta, mas não consigo responder. Não sei, essa é a verdade. Só o que podemos fazer é receber as análises biológicas dos jogadores. A partir daí, é sentir os jogadores. Tivemos lesões em uma semana com três jogos. A parte positiva é que vamos ter uma semana inteira para trabalhar, e agora vamos poder tirar o pé e recuperar bem os jogadores. Entregar as cargas certas de trabalho. Por isso, gostaria de ter sempre semanas limpas. Mas também quero estar na Copa do Brasil, adoraria estar na Sul-Americana, na Libertadores. É um calendário terrível, mas queremos estar em tudo. Por isso é importante um elenco grande em qualidade e em quantidade, com mais soluções. E, em semanas de três jogos, gerir o elenco. Respeitar os cansaços.
Acevedo
Acevedo fez um tremendo jogo na quarta-feira. Hoje, fez outro tremendo jogo. As pessoas perguntaram porque ele não jogou contra o Internacional. Se ele jogasse contra o Inter, teria o mesmo rendimento na Copa e hoje? Não tinha. Ou poderia se lesionar ou o rendimento em campo ia baixar. Olho para o Acevedo diferente de como olho para Daniel. Temos 36 jogos e Acevedo foi titular em grande parte. Eu olho para isso também, para trás, o acumulado. Tenho que saber onde priorizar. Mas as pessoas querem que ele jogue todos os jogos, mas não vai poder. Nem ele, nem ninguém.
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