Vereadores na retomada da Festa do Senhor do Bonfim
A retomada da festa religiosa do Senhor do Bonfim, depois de dois anos sem os festejos por causa da Covid-19, terá o seu ponto máximo nesta quinta-feira (12), com a tradicional lavagem das escadarias da Basílica do Nosso Senhor do Bonfim. Mantendo a tradição, os vereadores devotos da figuração de Jesus Cristo em ascensão vão renovar a fé e percorrer os oito quilômetros do cortejo religioso com muita participação popular, entre a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Colina Sagrada.
“O momento é de agradecer, de renovar a fé e de pedir proteção para termos um ano com muita saúde, muita paz e harmonia. Os dois anos sem a tradicional festa do Senhor do Bonfim, por causa da pandemia, não abalaram a nossa fé cristã e é isso que nos fortalece a cada dia. Seguimos em frente, firmes e fortes e com a proteção do Nosso Senhor do Bonfim”, afirma o presidente da Câmara, vereador Carlos Muniz (PTB).
De acordo com a Arquidiocese de São Salvador da Bahia, o tema escolhido para este ano foi “Há 100 anos cantando: ‘Glória a Ti neste dia de glória’”.
Programação
Quinta-feira (12) – Dia da tradicional lavagem do adro da Basílica Santuário Nosso Senhor do Bonfim. Às 7h, saída da 8ª Caminhada “Lavagem de Corpo e Alma” da Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia até a Colina Sagrada. Neste dia, haverá recolhimento de doações de gêneros alimentícios.
Após a chegada do cortejo, o reitor da Basílica Santuário Nosso Senhor do Bonfim, padre Edson Menezes da Silva, transmitirá da janela central da igreja uma mensagem, rezará com os fiéis uma oração pela paz e concederá a bênção, apresentando a imagem do Senhor do Bonfim. Depois deste momento, poderá ser realizada a lavagem do adro da igreja.
História
A Lavagem do Bonfim é o maior evento popular de Salvador antes do Carnaval. Conforme a Fundação Gregório de Mattos (FGM), organizadora da festa, a construção do santuário de peregrinação teve início no século XVIII com a vinda para a Bahia do capitão de mar e guerra Theodósio de Faria.
Segundo a Irmandade de Nosso Senhor do Bonfim, o capitão de mar e guerra tinha grande devoção ao Senhor do Bonfim. Através da imagem que se venera em Portugal, na cidade de Setúbal, ele trouxe de Lisboa uma imagem semelhante esculpida em pinho e com pouco mais de um metro de altura.
De acordo com a FGM, o capitão português trouxe a imagem como agradecimento por haver sobrevivido a uma tempestade em alto-mar, tendo prometido construir uma igreja no ponto mais alto que avistasse, de onde pudesse acompanhar a entrada da Baía de Todos os Santos.
A Basílica Santuário Nosso Senhor do Bonfim, de 1754, é o principal símbolo do sincretismo religioso da Bahia. A lavagem só teve início em 1773, quando os escravizados foram obrigados a lavar a igreja para a festa do Senhor do Bonfim que era realizada desde 1745 na igreja da Penha. Os adeptos do candomblé adotaram a lavagem como parte da cerimônia das Águas de Oxalá.
A igreja proibiu o ritual no interior do templo e a lavagem se transferiu para as escadarias e o adro. Durante a lavagem, a igreja permanece fechada enquanto cerca de 200 baianas despejam água de cheiro na parte externa da igreja ao som de toques de atabaque e cânticos de caráter afro-religioso. Atualmente o ritual tem aspecto ecumênico.
Câmara Municipal de Salvador
(Foto: Visão Cidade)