Mandato Pretas por Salvador promove debate sobre educação
O Mandato Coletivo Pretas por Salvador (PSOL) debateu em audiência pública itinerante, na terça-feira (2), o tema: “Leis nº 10.639 e 11.645 na Educação Municipal, um Direito à História e à Memória dos Povos Africanos e Indígenas”.
A atividade, em parceria com a Comissão de Reparação da Câmara Municipal de Salvador, ocorreu no Colégio Estadual Polivalente San Diego, no Uruguai. Conforme o mandato coletivo, o debate destacou a luta de várias frentes de trabalho dos movimentos negros, tratou de reivindicações dos educadores e das pessoas que buscam uma sociedade mais justa.
As Leis nº 10.639/03 e nº 11.645 (sancionada em 2008) determinam a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados do Brasil. Segundo o mandato coletivo, a história desses povos era vista e ensinada com estereótipos, preconceitos e até mesmo uma reprodução do racismo.
“Essas duas leis fazem com que seja obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e também cultura indígena. Por que é tão importante isso? Porque eu, Laina, tenho 35 anos e na época que eu estudei o ensino médio e no ensino fundamental não ouvi histórias boas sobre o povo preto e isso fez com que eu não me inspirasse a fazer coisas que só depois de muito tempo eu acreditei que era possível fazer. Hoje eu sou advogada e também sou vereadora”, disse Laina Crisóstomo.
Ela disse ainda que o encontro representa mais um marco histórico para sociedade, “pois reafirma a importância de tratar a cultura brasileira como uma questão educacional e de organização social, e para além disso de revolucionar o país, incluindo conteúdos na sala de aula que tratem de fato dos verdadeiros protagonistas da história cultural do Brasil”.
A co-vereadora Cleide Coutinho reforçou a necessidade de trazer temas como esse para o âmbito educacional: “Se a gente não tiver verba para educação, a gente não consegue evoluir, a gente não consegue trazer ensino de qualidade para os nossos jovens, não consegue trazer projetos para que consigamos avançar na educação, então essas Leis 10.639 e 11.645 são muito importantes para nossas vidas. Precisamos aprender e querer conhecer a nossa história”.
Participaram do debate, compondo a mesa de trabalho, a pedagoga Dulce Rodrigues, vice-presidente da Associação de Deficientes de Valença (ADAV) e presidente da Associação de Mulheres Pôr do Sol e Amigos de Valença, e a educadora sistêmica Lis Guimarães.
Câmara Municipal de Salvador
(Foto: VC)