‘Vamos focar em mudar a mentalidade’, diz Hamilton após fala racista de Piquet
Pouco depois das notas de repúdio da F1, FIA (Federação Internacional do Automobilismo), Mercedes e Ferrari ao termo racista usado pelo ex-piloto brasileiro Nelson Piquet, foi a vez de Lewis Hamilton se pronunciar sobre os comentários direcionados a ele pelo tricampeão. O britânico da Mercedes utilizou as redes sociais para, em português, pedir por mudanças.
– Vamos focar em mudar a mentalidade – escreveu o heptacampeão, logo após publicar outra mensagem na qual ironiza a pergunta sugerida por um fã: “quem é Nelson Piquet?”.
A expressão “neguinho” foi utilizada por Pique durante uma entrevista publicada na internet enquanto comentava sobre a batida do heptacampeão com Max Verstappen – atual campeão da F1 e namorado da filha de Piquet, Kelly – na última edição do GP da Inglaterra.
O incidente em questão se deu no começo da prova, em julho passado. Hamilton, vindo da segunda colocação, tocou na roda traseira esquerda de Verstappen; com o impacto, o holandês perdeu a direção do carro e bateu, abandonando a prova.
O caso ganhou notoridade após a divulgação do vídeo nas redes sociais na última semana. No trecho, Piquet defende que Hamilton teria tido intenção de tirar Verstappen da corrida no Circuito de Silverstone.
O “neguinho” meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, “aqui eu arranco ele de qualquer maneira”. O “neguinho” deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem.
O heptacampeão foi punido com 10s e caiu para quinto na corrida, mas reverteu a desvantagem e venceu a disputa. O episódio, porém, gerou ataques racistas direcionados a ele e que foram repudiados pela Mercedes, F1 e a RBR, equipe de Verstappen.
Recém-nomeado cidadão honorário do Brasil, o heptacampeão da Mercedes publicou um terceiro tweet – dessa vez, em inglês. Neste, o piloto reforçou seu pedido por mudanças na mentalidade dentro do esporte:
– É mais do que um termo. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação.
Hamilton tem sido uma voz proeminente no combate ao racismo dentro da F1 há, pelo menos, quatro anos. Desde 2020, o heptacampeão e a Mercedes têm promovido, individual ou coletivamente, iniciativas que visam aumentar a diversidade dentro da F1, sobretudo em cargos de atuação científicas e tecnológicas no automobilismo.
O piloto é fundador da instituição Mission 44, criada com intuito de alavancar seus projetos, e da Comissão Hamilton, que em parceria com a Academia Real de Engenharia Britânica, analisou barreiras no acesso de pessoas negras e racializadas ao automobilismo.
(GE)
(Foto: Amanda Perobelli)