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Saúde da mulher é mais do que cuidados ginecológicos

Tradicionalmente, nos sistemas de saúde por todo o mundo, a prioridade tem sido o cuidado da mulher no campo da saúde reprodutiva, com foco na atenção ao pré-natal e parto. É importante destacar que os serviços de saúde também ofertam ações relacionadas à promoção da saúde, a prevenção de agravos e doenças (cânceres de colo do útero e de mama, por exemplo), realização de vacinas, acompanhamento odontológico e nutricional, dentre outros.

“Há várias doenças que afligem o universo feminino que são prevenidas por meio das vacinas. Mais recentemente, podemos falar da vacina do HPV, que é uma vacina muito segura e que tem reduzido drasticamente assistência de câncer de colo do útero, entre outros tumores, mas principalmente do colo uterino”, comentou a médica ginecologista, Raquel Autran, que é responsável pela divisão de gestão do cuidado da Maternidade Escola Assis Chateubriand, em Fortaleza, no Ceará, e que também é vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares.

Raquel destaca também outras vacinas importantes para mulher. “Você toma vacinas quando está grávida prevenindo vírus que acomete mais mulheres gestantes, a vacina da Hepatite B que está no calendário vacinal da mulher ele vai exatamente seguindo esse ciclo de vida dela”, reforçou.

No Sistema Único de Saúde (SUS), a maior parte dos atendimentos se iniciam na Atenção Primária à Saúde, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Durante a consulta, se necessário, serão solicitados exames, que também são ofertados pelo SUS. Após avaliação dos resultados, a paciente pode ou não ser encaminhada para atendimento especializado na rede pública.

“O motivo da busca da mulher ao consultório é para fazer ‘check-up’, rastreamento de algumas doenças, se preparar para engravidar. Isso tudo está dentro do contexto do cuidado com a saúde da mulher, que vai desde cuidar das doenças que são as mais prevalentes em mulheres até prevenções de doenças”, comentou Raquel.

Cuidando do corpo

De acordo a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel/2019), 7,7% da população adulta brasileira foi diagnosticada com diabetes em 2018. As mulheres apresentam maior percentual de diagnóstico com 8,1%, do que em homens 7,1%. Além disso, as mulheres apresentaram obesidade ligeiramente maior, com 20,7%, em relação aos homens, 18,7%.

E manter hábitos saudáveis é a melhor forma de prevenir doenças. Uma alimentação balanceada com frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, aliada à uma ingestão menor de gordura, ajudam a ter uma vida mais sadia. Da mesma forma, fazer uma atividade física ao menos 30 minutos por dia, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar, são algumas das recomendações que ajudam a prevenir contra diabetes e outras doenças.

“É importante se atentar para dieta e fazer sempre uma atividade física desde a infância, que é isso que vai prevenir algumas doenças quando ela chegar em uma idade maior. Vale lembrar que as principais causas de mortalidade na mulher são as doenças cardiovasculares, e prevenção é praticar atividade física e fazer vistas ao profissional de saúde para avaliação”, comentou a médica.

Planejamento reprodutivo

O planejamento reprodutivo é um direito das mulheres para que elas possam optar quando e se querem ter filhos. “Quando a mulher quer engravidar o que a gente precisa principalmente é afastar as doenças infecciosas. Essa mulher ao chegar ao consultório ela fala do seu histórico, faz exames físicos e checagens de prevenção de doenças, como diabetes gestacional, doenças da tireoide, tudo isso identificado precocemente garante uma gravidez mais segura”, comentou Raquel.

É importante que a mulher tenha uma consulta antes dela iniciar um método contraceptivo. “Na consulta ela vai poder dizer o que ela quer para saber quais são os métodos mais eficazes. Vai avaliar doenças que ela possa ter, ou até mesmo na família, que possa contraindicar algum do tipo de método. O profissional de saúde poderá dar as opções para que ela possa escolher”, destacou Raquel. 

Métodos contraceptivos

O SUS oferece uma série de serviços que garantem acolhimento e sigilo sem discriminação, como o acesso à preservativos masculino e feminino, pílula combinada, anticoncepcional injetável mensal e trimestral, dispositivo intrauterino com cobre (DIU T Cu), diafragma, anticoncepção de emergência e minipílula.

Mas, vale lembrar, que o uso do preservativo não serve somente para evitar a gravidez. É fundamental utilizá-los para prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, transmitidos, principalmente, por meio do contato sexual sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada.

A transmissão de uma IST também pode acontecer, ainda, da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação. Por isso, o acompanhamento pré-natal assegura o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas.

Saúde Mental

Ampliar o olhar também perpassa o cuidado em Saúde Mental das mulheres, sendo assim, a busca do bem-estar é necessária para lidar com a complexidade do dia a dia.

A Organização Mundial de Saúde (2000) afirma que a saúde mental feminina é afetada por seu contexto de vida ou por fatores externos (socioculturais, econômicos, de infraestrutura ou ambientais) e a identificação e a transformação desses fatores pode ser uma direção para prevenção primária.

Nesta busca, é importante a utilização de estratégias que propiciam ambientes apoiadores, o fortalecimento da resiliência, a criação de condições individuais, sociais e ambientais que permitam aumentar a capacidade de bem-estar.
Para promover a saúde mental e física, muitas estratégias são utilizadas, uma delas é a intervenção psicossocial, que possibilita o enfrentamento de questões pessoais como a ressignificação do sofrimento e a busca por redescobrir e potencializar as habilidades. Para isso, pode contar com a Rede de Atenção Psicossocial – RAPS.

Por Luiza Tiné

(www.blog.saude.gov.br)

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