Chuva e calor aumentam o risco de acidentes com animais peçonhentos
O período de chuva e calor, comum nesta época do ano, pode aumentar o risco de acidentes com animais peçonhentos, que são os que que possuem glândula que produzem veneno e que têm estruturas que possibilitam injetar o mesmo, como abelhas, serpentes, aranhas e escorpiões. Dentre estes animais, algumas espécies podem aparecer em áreas urbanas e rurais ao procurar lugares secos para se abrigarem e na busca por alimentos. De acordo com os dados do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia (CIATox), no período de 2016 a 2020, foram registrados 22.843 atendimentos de casos de acidentes por animais peçonhentos no estado da Bahia, sendo causados por escorpiões (46,22%), serpentes (37,94%), aranhas (8,62%) e abelhas (1,41%). A professora do curso de Medicina Veterinária da Unijorge, Fulvia Bispo, alerta que alguns fatores favorecem o aparecimento destes animais e as ocorrências são mais comuns em locais onde há terrenos baldios com acúmulo de entulhos ou em áreas próximas a formações florestais, então para quem reside ou trabalha em locais assim, ela destaca alguns cuidados que devem ser adotados para evitar acidentes.
Para impedir a manifestação de animais peçonhentos é essencial não amontoar lixo e realizar com regularidade o controle de pragas (baratas, ratos), pois estes são alimentos para este tipo de animal; manter o jardim e quintal sempre limpos e aparados; checar roupas e sapatos antes de utilizar, assim como sofás e camas, pois as aranhas e escorpiões podem se esconder e picar ao serem comprimidos contra o corpo. Na limpeza destes espaços, ao manipular entulhos, jardim, montes de lixos e terrenos baldios, a professora aconselha a utilização de equipamentos de proteção individual como calças, botas, luvas de couro, para evitar picadas. Em casa, as pessoas devem fechar buracos e frestas em pisos, paredes, portas e janelas, colocar telas em ralos do chão, pias ou tanques por onde esses animais possam passar e entrar; se o caso for de abelhas, para remover as colônias situadas em lugares públicos ou residências, deve-se procurar por profissionais devidamente treinados e equipados.
Apesar dos cuidados e prevenção, caso aconteça algum acidente com animais deste tipo, o primeiro passo é lavar o local com água e sabão, mantendo o acidentado deitado, tranquilizá-lo e procurar imediatamente por atendimento médico especializado para receber o tratamento adequado. Sempre que possível, deve-se levar o animal junto para ser identificado, e caso necessite, deve ser administrada com urgência, o soro que neutraliza o veneno. A professora de veterinária salienta que as crendices populares como chupar no local da inoculação, fazer torniquete, colocar substâncias como óleo queimado, fumo ou pó de café não devem ser utilizadas, com risco de agravamento da saúde do paciente. Os acidentes ofídicos têm importância médica em virtude de sua grande frequência e a gravidade pode variar de acordo com o tipo do animal e a quantidade de veneno inoculado e vão desde sintomas leves, podendo levar inclusive ao óbito.
Ao encontrar algum animal peçonhento na rua ou na residência, a pessoa não deve tocar ou tentar capturá-lo, o correto é isolar o local e entrar em contato com os órgãos de proteção responsáveis para que a captura seja feita de forma adequada e segura, tanto para o indivíduo, quanto para o animal. “Todas estas espécies têm papéis ecológicos importantes, como controle de roedores, insetos e pragas, não devendo ser caçados e mortos de formas indiscriminadas”, destaca a professora.
ATcom